Os impactos das iniciativas empresariais na gestão de pessoas
Agosto de 2021
Após dezessete meses da declaração da pandemia de Covid-19 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e das recomendações para conter a disseminação do coronavírus, o cenário continua incerto: novos lockdowns, surgimento de variantes do vírus e contínuas tranformações da vida pessoal, profissional e social da população. As empresas seguem se esforçando para manter a produtividade e as ações em prol da saúde dos profissionais, como a revisão ou criação de políticas e procedimentos, e para atender às normas legais.
Esta 2ª edição da pesquisa Como sua empresa está reagindo à crise? faz um balanço dos impactos da pandemia no curto e médio prazos, das iniciativas empresariais relacionadas à situação e do que mudou na estratégia de gestão de pessoas nos últimos meses, desde a 1ª edição da publicação, em junho de 2020. Entre as principais conclusões, destacamos o aumento das contratações e das ações para proteger o fluxo de caixa e para readequar e redistribuir a força de trabalho para outras cidades brasileiras e até o exterior.
Período retratado: outubro de 2020 a março de 2021.
No geral, as empresas aumentaram o quadro de empregados em 30%. Os setores do Agronegócio e de Tecnologia foram os que mais contrataram.
54% das empresas fizeram uso de créditos tributários/previdenciários, além de empréstimos bancários e redução de infraestrutura, como medidas para proteger o fluxo de caixa. Esse resultado é 17 pontos percentuais maior que o da edição anterior.
Com a disponibilidade de recursos e proteção do caixa da empresa, as empresas recorreram menos à redução de benefícios e de jornada, suspensão temporária do contrato de trabalho e concessão de férias.
Adaptação e flexibilidade se tornaram palavras-chave para mitigar os efeitos da Covid-19 ao longo de 2020. Vários ajustes nas empresas identificados na 1ª edição da nossa pesquisa se tornaram permanentes, como o aperfeiçoamento dos sistemas de controle de acesso e higienização dos ambientes de trabalho e a criação de comissões para gerenciamento da crise, além de investimentos em tecnologia e processos para que as atividades não fossem interrompidas.
As empresas concederam equipamentos em regime de comodato, como computadores, mesas e cadeiras, e reembolso de despesas com telefone e internet para manter as atividades produtivas de seus empregados de forma remota.
Há vários fatores a serem observados pelos empregadores nesse contexto de benefícios e equipamentos aos seus empregados, incluindo a oferta de condições apropriadas para a execução das atividades laborais e adaptação das diversas políticas e processos internos, entre eles o apontamento da jornada de trabalho e os procedimentos para preservação da segurança e saúde dos trabalhadores (empregados e terceiros).
Vale enfatizar que para cada ação e/ou benefício concedido aos empregados, há um comando legislativo correspondente. Isso traz desafios para as empresas em termos de conformidade com as regras aplicáveis ao trabalho remoto. Em caso de não cumprimento, há possíveis consequências financeiras adversas, seja pela obrigatoriedade de aumentar o pacote de benefícios concedidos aos empregados ou pela elevação da incidência tributária sobre a folha de pagamentos.
Outro ajuste definitivo é a readequação e redistribuição da força de trabalho para outras cidades brasileiras e até outros países.
Considerando a legislação atual, em especial a Lei Federal nº 13.467 – introduzida pela Reforma Trabalhista em 2017 – há processos e procedimentos a serem observados na implementação dos conceitos de home office ou de teletrabalho.
A lei permite que os empregados permaneçam fora do ambiente físico de trabalho, mas a implementação desses dois conceitos requer cuidados especiais do empregador, sobretudo em relação às questões trabalhistas, previdenciárias e tributárias.
A expansão do home office ampliou fronteiras para o trabalho remoto em cidades e países diferentes do local da contratação do empregado. Segundo a pesquisa, quase 25% das empresas adotaram medidas específicas para empregados em mobilidade global.
Entre elas estão:
No cenário de trabalho transfronteiriço, as empresas devem considerar questões de maior complexidade envolvendo temas trabalhistas, previdenciários e tributários relacionados à legislação do país de destino ou daquele em que a entidade se beneficie dos serviços prestados virtualmente do Brasil.
As implicações internacionais envolvem observação das regras migratórias, implementação de ajustes e adequações em folha de pagamentos no Brasil e no exterior, além da operacionalização de acordos internacionais, visando a mitigação de dupla imposição previdenciária e tributária.
Depois de meses em trabalho remoto, as organizações perderam o medo da queda de produtividade e começam a ser estimuladas a padronizar modelos híbridos de trabalho, que combinem o expediente à distância e o presencial, a fim de obter vantagens econômicas como a utilização de espaços físicos menores e mais baratos. De fato, o trabalho remoto estará presente de forma definitiva na gestão da força de trabalho.
Considerando a legislação trabalhista atual, há alguns desafios a serem suplantados, desde políticas de gestão de pessoas, ocmo cumprimento de jornada de trabalho, até questões complexas envolvendo relações sindicais.
Com o avanço das campanhas de vacinação e a reestruturação das cadeias produtivas e de suprimentos, as empresas continuarão focando na gestão e no bem-estar da força de trabalho e esperam contratar ainda mais pessoas nos próximos meses.
Esta 2ª edição da nossa pesquisa mostra que as organizações estão cada vez mais adaptadas à nova realidade e mais bem preparadas para eventuais crises futuras. Mesmo em transformação, esse cenário indica que o forte impacto já foi absorvido e a retomada de investimento e crescimento começa a se concretizar.