Junho 18, 2021.
Por Álvaro Gómez Rodríguez
Quando o americano Henry Chesbrough criou o termo open innovation (inovação aberta, em português), ele inventou muito mais do que uma expressão. Hoje, a terminologia aponta para as empresas que, de fato, conseguirão se manter competitivas no mercado investindo na sua transformação e em novos modelos de negócio.
Segundo levantamento da 100 Open Startups, plataforma que conecta startups a empresas, 82 companhias estabeleceram relacionamento de open innovation com startups em 2006, quando foi divulgada a primeira lista do ranking. Em 2020, o número de empresas em contato com startups aumentou 20 vezes, chegando a 1.635 companhias.
Ainda de acordo com a pesquisa, startups que se relacionam com grandes empresas captam 85% mais investimento do que aquelas sem nenhum tipo de relação. Mas, por que uma grande empresa, que já é lucrativa e renomada no mercado, deve investir em uma parceria com startups e/ou desenvolver internamente a cultura de inovação aberta? A resposta é simples: as soluções encontradas por meio da inovação aberta contribuem para a redução de custos, aumento do lucro e da produtividade dessas companhias, sem falar que melhoram a sua competitividade.
O engajamento para resolver as ditas “dores cotidianas’’ de forma colaborativa, além de agregar valor à empresa, aumenta, e muito, o compartilhamento do conhecimento. A participação no ecossistema de inovação é, portanto, benéfica para todas as partes, na medida em que integra diversas áreas e abre espaço para que as companhias levem à sociedade produtos e serviços disruptivos. Promove ainda a cultura ágil de inovação, a visão empreendedora e resultados rápidos e de impacto.
Empresa líder mundial na produção de celulose proveniente do eucalipto, a Suzano participa do movimento de inovação aberta desde 2018, quando decidiu buscar no mercado soluções complementares à sua para produzir embalagens de celulose. Dessa iniciativa, foram gerados cinco pedidos de patente, e a vontade de continuar inovando de forma colaborativa.
No ano seguinte, com a criação da área de Inovação Aberta da companhia, teve início o processo interno de democratização da inovação para acelerar a transformação digital. Em seu primeiro ano, a área tinha apenas um projeto. Hoje, conta com 45 projetos em diversas áreas, como a florestal, industrial, de suprimentos, logística e comercial, cada qual em uma fase de execução.
Para que a inovação aberta fizesse parte da cultura da Suzano, a empresa também focou em promover a mudança de mindset dos colaboradores. Todos precisavam estar engajados para trazer soluções para suas áreas de atuação. E, pensando nessa democratização do conhecimento, a companhia criou também sua Academia Digital de Inovação Aberta para formar pessoas no desenvolvimento de projetos de inovação e, assim, ajudar a disseminar o conceito de forma voluntária dentro da empresa.
Além da mudança de mindset, a conexão com startups logo se mostrou um elemento essencial na criação de um ecossistema de inovação e, para estreitar laços com startups nacionais e estrangeiras, a Suzano firmou no fim de 2019 uma parceria com o AgTech Garage, maior hub de inovação do agronegócio na América Latina. Hoje, somos um Innovation Partner do AgTech Garage, com parceria exclusiva no segmento florestal, e estamos trabalhando juntos em quatro projetos de inovação.
Nos últimos anos, trilhando o caminho da inovação aberta, a Suzano percebeu a necessidade de se adaptar para interagir de perto com o universo das startups, e permitir que o desenvolvimento de produtos, processos e serviços em conjunto acontecesse de forma mais rápida.
De forma geral, essa adaptação demanda que a grande empresa desburocratize sua jornada de conexão com esses fornecedores inovadores, e foi o que a Suzano fez. Nesse sentido, adaptamos, por exemplo, nosso processo de contratação de startups, tornando-o mais simples e com documentos e contratos ajustados à realidade das nossas parcerias.
Enquanto na contratação de um fornecedor tradicional, a Prova de Conceito (POC) – modelo prático que prova uma teoria antes de escalar o problema, ajudando na mitigação de riscos – levaria entre 45 a 60 dias, com as startups o prazo foi reduzido para 20 dias. Somente em 2020, a companhia interagiu com mais de 600 startups em todo o mundo, por meio de conexões pontuais, eventos e programas de aceleração.
A inovação aberta é um pilar para o desenvolvimento econômico e social do Brasil e funciona como um estímulo para que mais empresas se desenvolvam, gerando renda e soluções de impacto para a sociedade. Para a Suzano, a inclusão nesse ecossistema de inovação permite ofertar produtos inovadores e sustentáveis que estão alinhadas com o propósito organizacional da companhia de: “Renovar a vida a partir da árvore”.
Álvaro Gómez Rodríguez é gerente de Inovação Aberta da Suzano.