Setembro 8, 2022
Por Álvaro Gómez Rodríguez
Há pouco tempo, o termo “startup” ultrapassou as fronteiras do nicho da tecnologia e chegou ao vocabulário do grande público. Com ideias inovadoras ou até mesmo revolucionárias, essas empresas em fase inicial apresentam soluções disruptivas, mas não caminham sozinhas nesse processo.
Para que uma companhia nascente com potencial de escalonamento saia do papel, faz-se necessário planejamento, pesquisa, dedicação e, também, investimento. Ao mesmo tempo, as empresas já consolidadas sabem que o mundo evolui rapidamente e precisam estar cada vez mais abertas, atentas às soluções que podem surgir de todos os lugares. Simultaneamente, precisam investir na construção de um ecossistema para acelerar os processos de inovação e se preparar para o futuro.
O financiamento de novas ideias é, portanto, peça-chave para essas soluções disruptivas, e por isso o Corporate Venture Capital (CVC) tem ganhado força. Segundo estudo preliminar da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap), divulgado pela imprensa, 13 empresas que pertencem atualmente ao Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, fundaram CVCs no primeiro semestre de 2022. A Suzano está nessa lista.
O CVC trata-se de uma estrutura de inovação aberta e uma modalidade de investimento focada em startups que possuem alto potencial de crescimento. E foi de olho na movimentação do mercado, na crença de que esse é um caminho sem volta e na convicção de que grandes empresas podem se reinventar com o apoio do ecossistema da Inovação, que a Suzano criou a Suzano Ventures. A iniciativa faz parte da estratégia de fomentar a transformação para a bioeconomia, estimulando o desenvolvimento de soluções deeptech, com base na floresta plantada.
Inicialmente, serão destinados US$ 70 milhões para o projeto e os investimentos devem corresponder a participações minoritárias nas startups, sem aquisição do controle, já que a proposta da Suzano é se colocar como parceira. Serão escolhidas startups com negócios desde a fase laboratorial (pré-seed) até os mais estruturados (série A), que contemplem soluções de sustentabilidade e projetos de inovação.
O lançamento recente da Suzano Ventures no Brasil contou com a participação de um público de aproximadamente 400 pessoas, considerando representantes de startups, empresas e outros atores do ecossistema de inovação aberta. Na ocasião, nós também lançamos a primeira missão conjunta da Suzano em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), em busca de um mapeamento de stakeholders, tecnologias e projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) em Produtividade Agroflorestal, Remoção de Carbono, Biomassa de Eucalipto e Packaging. Essa parceria prevê a destinação de R$ 24,4 milhões a projetos com foco em soluções de bioeconomia com base em florestas plantadas, incluindo um aporte de R$ 10 milhões somente pela Suzano Ventures.
Sabemos que fomentar a inovação em grandes companhias não é um processo rápido, tampouco simples, mas é extremamente necessário. Para inovar, uma corporação precisa criar soluções e produtos que façam sentido para o mercado, e as startups são importantes aliadas nesse movimento. Conectando com a Suzano Ventures, as parceiras passarão a contar com acesso ao ecossistema Suzano. O aporte não será apenas financeiro, mas a possibilidade de ter acesso à base de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e à base florestal da Suzano. E mais, as startups ficam mais próximas da base de clientes da Suzano, ávidos por desenvolverem soluções mais sustentáveis para a sociedade.
Além do Brasil, os investimentos da Suzano Ventures serão distribuídos em startups da América do Norte, Israel, Europa e China — regiões e países onde a empresa possui Centros de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Nações inovadoras têm criado grandes e importantes polos de inovação ao redor do mundo, com o objetivo de gerar transformação por meio de pesquisas e descobertas que favoreçam o desenvolvimento socioeconômico e tecnológico.
Assim, startups nacionais e no exterior com foco em novos materiais derivados de biomassa de eucalipto, embalagens sustentáveis baseadas em papel, tecnologias de remoção de carbono e agtechs são potenciais parceiras da Suzano, que está cada vez mais próxima do ecossistema de inovação aberta. No artigo anterior mostramos a importância desse tipo de iniciativa para o mercado em geral e como a inovação aberta é aplicada de ponta a ponta na Suzano.
Um dos nossos cases de sucesso é a parceria com a finlandesa Spinnova, detentora de uma tecnologia para a produção de fibra têxtil sustentável desenvolvida a partir de nanocelulose. Para produzir essa fibra têxtil não há a utilização de produtos químicos de origem fóssil, além de o consumo de água e geração de resíduos serem mínimos, fazendo com que seja uma fibra atraente para a crescente indústria têxtil mundial. O primeiro grande passo da Woodspin, joint venture entre a Suzano e a Spinnova, será a construção de uma fábrica na Finlândia, com previsão de produção da fibra para marcas têxteis globais.
Em 2017, a Suzano investiu € 5 milhões na Spinnova, seguindo com rodadas de aporte complementares até 2021, quando a empresa europeia abriu seu capital com um valor de mercado de € 390 milhões. Isso mostra que praticar a inovação aberta é uma via de mão dupla e aprendizado mútuo, pois ao mesmo tempo que as startups impulsionam as empresas com suas soluções, as companhias contribuem para elevar o patamar desses parceiros.
Agora, com a Suzano Ventures, a aposta da Suzano é ter novas histórias como essa a partir de um modelo pautado na autonomia, agilidade e recorrência nos investimentos.
Sendo uma referência global na fabricação de bioprodutos desenvolvidos a partir do cultivo de eucalipto, estamos na busca constante pela agilidade, que será premissa para a Suzano do futuro, com a presença em diferentes mercados, com diferentes produtos e novas rotas tecnológicas. A Suzano do futuro está sendo construída no dia a dia, e está de portas abertas para as startups do mundo todo.
Álvaro Gómez Rodríguez é Business Development Manager da Suzano Ventures