Gestão de pessoas, cultura organizacional e engajamento a serviço da inovação

Lívia Medeiros, da Bunge, revela como a empresa tem engajado seus talentos na prática da inovação diante do contexto do trabalho híbrido, que veio para ficar

Março 30, 2023

No contexto pós-pandemia, o trabalho híbrido virou realidade (Imagem: Canva/ studioroman)

Por Lívia Medeiros

Qual a relação entre gestão de talentos e inovação? De maneira simples e direta, podemos afirmar que um não vive sem o outro. Muito se fala sobre os dois temas, mas quase nunca em um mesmo contexto. Essa é uma relação de simbiose, na qual as duas frentes saem ganhando quando a empresa percebe essa conexão: a gestão de talentos feita com excelência, alicerçada em uma sólida cultura organizacional, beneficia fortemente a inovação aderente e coerente ao negócio. 

Como é de conhecimento geral, a pandemia afetou as relações interpessoais e, no ambiente corporativo, não foi diferente. Do dia para a noite, fomos desafiados a seguir com o nosso trabalho de maneira remota, utilizando as ferramentas tecnológicas para realizar as interações. Mas a ruptura brusca do presencial trouxe impactos relevantes quanto à comunicação e à forma como criamos vínculos. Mais do que o contato físico, é a conexão emocional que gera a sensação de pertencimento e de engajamento. 

Com a volta ao novo normal, muitas empresas optaram por seguir modelos híbridos, e é neste contexto pós-pandêmico – digital e permeado pela tecnologia – que companhias dos mais diferentes setores vêm enfrentando uma questão em comum: a maior complexidade de fazer a gestão de pessoas e equipes.

Sem a espontaneidade do presencial e considerando-se o meio tecnológico, os profissionais precisaram desenvolver novas habilidades de comunicação. Apenas para ilustrar, cursos relacionados ao tema ganharam destaque na ferramenta LinkedIn Learning: dentre os dez mais procurados ao longo de 2022 estão Comunicação Interpessoal, Fundamentos de Colaboração e Comunicando-se com Confiança. 

E qual a relação disso tudo com inovação?

Se não há comunicação eficiente, conexão entre as pessoas e engajamento do time, dificilmente haverá inovação. 

Para criar soluções, serviços e produtos inovadores é necessário fomentar a cultura da aprendizagem e, para isso, é preciso ativar o “Ciclo do Repensar”, conceito formulado por Adam Grant em seu livro “Pense de Novo”. Segundo o autor, a humildade de admitir que não sabemos tudo nos leva a questionar, a ter interesse por outros saberes e pontos de vista e, por fim, a descobrir o novo. E esse processo tem estreita relação com o poder de inovar. 

Para gerar mudanças, é essencial:

  • Estar à vontade e confiante entre os colegas para admitir “não saber tudo”; 
  • Ser aberto a ouvir os demais, aprendendo nesse processo; 
  • Trabalhar em um ambiente no qual haja tolerância ao erro, com segurança psicológica para errar e método para experimentar e rever o rumo quando necessário; 
  • Ser colaborativo, o que só é possível quando nos sentimos parte de um grupo e compartilhamos o mesmo propósito; 
  • E  mais do que ser resiliente, é preciso ter a capacidade de se adaptar e se transformar rapidamente. 

Esse é um mindset bastante similar ao que já é trabalhado por algumas startups e empresas fortemente ancoradas na transformação dos seus negócios. Para colocá-lo em prática, é preciso agilidade e conexão, não apenas entre os times de uma mesma empresa, mas junto de outros players e mercados diversos. 

A Bunge, por exemplo, organiza mensalmente visitas de suas equipes ao AgTech Garage com o intuito de promover o contato com o ambiente de inovação. Liderada pelo time de Digital Office, a iniciativa é aberta a colaboradores de todas as áreas e fomenta a cultura de inovação na companhia, incentivando a conexão e a troca de conhecimento com toda a comunidade de      empresas e startups que fazem parte do hub. 

Neste contexto, os gestores têm o papel fundamental de fomentar essas habilidades e esse ambiente seguro, sempre com a consciência de que também estão      em constante processo de aprendizado e adaptação. Para fazer a “mágica” acontecer, é preciso      construir e promover relações de empatia, confiança e proximidade, com uma escuta ativa e atenta. Ser      uma liderança transversal, que promove o protagonismo das pessoas nos desafios propostos, que reconhece e valoriza o indivíduo, assim como o grupo enquanto time. É deste ambiente que nasce a inovação.

De olho na big picture

É claro que precisamos considerar um contexto maior, que vai além dos muros de cada empresa. O mundo muda rápido e a todo o momento. Do cenário conhecido como VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo), passamos ao mundo BANI (frágil, ansioso, não linear e incompreensível), fruto das consequências da pandemia e que exige novas competências e maneiras de encarar as incertezas, o inesperado e o caos. Percebendo essas transformações e a necessidade de acompanhá-las, as empresas também precisam rever a sua visão de mundo e a sua cultura organizacional, refletindo essas mudanças. 

A Bunge também revisitou recentemente sua cultura organizacional e valores no sentido de reforçar competências e habilidades aderentes ao seu propósito de conectar agricultores a consumidores para fornecer alimentos, ingredientes e combustíveis essenciais para o mundo. 

Com colaboração, espírito de equipe, excelência, inovação e sustentabilidade no centro de sua atuação, a empresa deixa ainda mais evidente o que espera de seus times e convida seus colaboradores a serem protagonistas em suas jornadas. Acreditamos que o sentimento de propósito comum, a clareza de visão de futuro e um ambiente propício à cultura de aprendizagem formam a equação ideal para cultivar e fomentar a inovação. E o fator gestão de pessoas é o denominador comum para atingir o resultado esperado.

Lívia Medeiros é Gerente de Gestão de Talentos da Bunge para a América do Sul. Formada em Administração pela Unesp, com extensão pela Peking University, tem especialização em Gestão Estratégica de Pessoas e Design Instrucional. Iniciou sua trajetória profissional na Bunge como trainee há mais de 10 anos e acumula experiências nas áreas de remuneração, treinamento e co-desenvolvimento de projetos e soluções ágeis com múltiplos times. 

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Dirceu Ferreira Junior

Dirceu Ferreira Junior

COO do PwC Agtech Innovation e sócio, PwC Brasil

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