Investimento em inovação e tecnologia: peça-chave para o desenvolvimento do agronegócio no Brasil

Grandes corporações e startups têm papel importante para desenvolver novas soluções para os agricultores brasileiros

Fevereiro 8, 2024

Para impulsionar a adoção dos agricultores brasileiros, as tecnologias tendem a ser desenvolvidas mais próximas, ao gosto, e necessidades, dos produtores. (Foto: Adobe Stock)

*Por Heather Van Nest

A agricultura tropical tem um desafio: atender à crescente demanda global por alimentos, de forma sustentável, segura e ágil. Nesse cenário, a inovação e a tecnologia emergem como as ferramentas que tornam possível que o Brasil assuma seu papel como protagonista no setor.

E, quando o assunto é inovação no campo, os produtores e as empresas sabem que o benefício gerado pela tecnologia é muito maior do que o valor inicial de investimento.

Uma pesquisa realizada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) com o Sebrae  (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), corrobora essa tese.

O estudo revelou que 84% dos agricultores brasileiros já utilizam ao menos uma tecnologia digital como ferramenta de apoio à produção agrícola. Eles sabem que utilizar soluções inovadoras na agricultura tropical pode aumentar significativamente a eficiência e proporcionar ganhos econômicos consideráveis.

Um exemplo da conexão dos agricultores com a tecnologia são as máquinas agrícolas, que hoje trazem mapas de produtividade integrados, soluções que visam a redução do consumo de combustível e equipamentos que diminuem a compactação do solo, fazendo com que o agricultor consiga obter a máxima produtividade de sua lavoura, com redução de custos e sustentabilidade

Avanços no monitoramento de culturas, uso de drones para mapeamento de áreas agrícolas e sistemas de irrigação inteligentes, também contribuem para uma agricultura mais precisa.

O papel das corporações…

Sob esse contexto, notícias como o lançamento do Centro Brasileiro de Desenvolvimento de Tecnologia, recentemente anunciado pela John Deere, se destacam, uma vez que a iniciativa reflete uma convergência de esforços com o objetivo de aprimorar a eficiênciasustentabilidade rentabilidade da agricultura brasileira.

Esse será o primeiro centro de desenvolvimento e testes para a agricultura tropical da empresa no mundo e permitirá que os produtos sejam concebidos e testados em território nacional, considerando todas as variáveis: de solo, clima, níveis de conectividade e outros fatores referentes ao cenário produtivo do Brasil..

Isso reforça, mais uma vez, o protagonismo do país e mostra que a inovação no agronegócio não é uma jornada solitária, mas uma colaboração entre os setores público e privado, grandes corporações e empreendedores visionários. 

…e das startups também

Ao ampliarmos o foco para além dos limites corporativos, observamos que o Brasil está testemunhando uma onda de startups e empresas dedicadas a impulsionar a inovação na agricultura.

Outro estudo realizado este ano pela Embrapa, em parceria com o Sebrae, HomoLudens e SP Ventures, mostra que o ecossistema de agtechs cresceu exponencialmente no Brasil nos últimos anos.

Atualmente, de acordo com o levantamento, uma a cada três empresas do setor já vende para outros países, e 43% desses negócios faturaram mais de R$ 1 milhão no último ano. O segmento também se mostrou um forte gerador de empregos, sendo que  mais da metade dos negócios conta com mais de 10 colaboradores.

Essas empresas estão explorando desde a digitalização de cadeias de suprimentos e sistemas de monitoramento remoto, até sensores de solo e desenvolvimento de aplicativos para agricultores gerenciarem suas operações de maneira mais eficiente.

A agricultura conectada não apenas otimiza o uso de recursos, como água e fertilizantes, mas contribui para a redução do impacto ambiental. Prova disso é que o Brasil, ao mesmo tempo, é um dos países que mais produz e preserva no mundo. 

A Embrapa aponta que o país protege a vegetação nativa em mais de 66% de seu território, e possui apenas 30% das terras destinadas a atividades agropecuárias.

Com este olhar, as empresas estão em busca de soluções que ajudem a reduzir as emissões de gases do efeito estufa, o que significa buscar e desenvolver negócios e operações com viés inovador e que  ajudem a mitigar o impacto das  mudanças climáticas. 

Este é um momento em que a pesquisa acadêmica, a iniciativa privada e as políticas governamentais se alinham para impulsionar a agricultura brasileira rumo a um futuro mais promissor. 

É fundamental reconhecer que a inovação na agricultura não se trata apenas de investimentos em tecnologia, mas do futuro do nosso Brasil e do planeta. 

Estamos no limiar de uma nova era agrícola, em que  a tecnologia e inovação se tornam aliadas essenciais na busca por uma produção alimentar sustentável e eficiente.

Heather Van Nest é diretora de Inovação da John Deere para a América Latina.

 

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Maurício Moraes

Maurício Moraes

Sócio e líder do setor de Agribusiness, PwC Brasil

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