Setembro 3, 2021.
Por Marina Salles
A AgroScout, startup israelense integrante da rede do AgTech Garage, anunciou uma rodada de investimentos de Série A no valor de US$ 7,5 milhões.
A rodada foi liderada por um grupo de investidores, o Kibbutz Yotvata, em Israel, e seguida pela Agriline, Kibbutz Yiron e Trendlines Group, entre outros. A Autoridade de Inovação de Israel, um agente público independente criado pelo governo do país para acelerar o ecossistema de inovação, também integrou a rodada.
Os recursos serão utilizados para alavancar a Inteligência Artificial da empresa e facilitar cada vez mais o uso de imagens de celular e drones comerciais para detectar problemas na lavoura.
O objetivo é fomentar uma agricultura mais eficiente, sustentável e responsável para 95% das 500 milhões de fazendas ao redor do globo, que não dispõem desse tipo de serviço.
A plataforma da AgroScout analisa dados coletados a campo usando imagens de drones e de celular, e cria análises de gerenciamento da safras. Segundo a startup, sua plataforma elimina a necessidade de uso de drones caros, operadores de campo especializados e longos treinamentos.
Os agricultores são instruídos a comprar seus próprios drones, e recebem um treinamento presencial de até três horas para começar a usar a plataforma. A simplicidade é uma das palavras de ordem dentro da empresa.
Daniel Szmargowicz, gerente comercial da AgroScout no Brasil, explica que smartphones comuns dão conta do trabalho de imageamento e que a empresa usa também os drones Mavic 2 Pro, principal equipamento da fabricante chinesa DJI para o mercado de consumo, indicado tanto para profissionais como amadores.
Hoje, o Mavic 2 Pro custa na casa de US$ 1,5 mil a US$ 3 mil no exterior, e no Brasil pode ser encontrado por até R$ 30 mil em função dos impostos.
Hoje, a AgroScout tem cinco serviços disponíveis: identificação de pragas e doenças; contagem de plantas; cobertura de biomassa (para identificar a porcentagem de área foliar e não-foliar); construção de ortomosaicos (com sobreposição de fotos que geram uma imagem 100 vezes melhor do que aquelas produzidas por satélites tradicionais) e análise de NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada).
Com distintos pacotes, o serviço da startup pode custar de US$ 6 mil a US$ 9 mil por semestre, conforme a necessidade do cliente.
Ao monitorar de forma contínua a presença de pragas e doenças na lavoura, a empresa destaca que a solução ajuda a diminuir o uso de agrotóxicos pela detecção precoce de inimigos naturais, quando os níveis de infestação são baixos e os tratamentos, altamente eficazes.
Usando a ferramenta de cobertura de biomassa da AgroScout, o agricultor consegue prever também o rendimento da sua safra antes da colheita.
Já por meio da contagem do estande de plantas, desde o período de emergência da cultura, é capaz de avaliar a cobertura do dossel e identificar possíveis falhas de plantio.
No momento, a startup tem projetos em curso com empresas multinacionais de proteção de cultivos. Bem como uma crescente base de clientes individuais nos Estados Unidos, América Latina, África do Sul e Israel.
No Brasil, atende principalmente produtores de batata e tomate, como a Pepsico e a Heinz, e está ampliando sua atuação para culturas de grãos. A área de cobertura já se estende pelos Estados do Paraná, Santa Catarina, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Fundada em 2017, a AgroScout começou a operar no Brasil em 2020.
Dubi Goldman, Gerente de Desenvolvimento de Negócios do Kibutz Yotvata afirma, em nota, que a tecnologia da startup atendeu muito bem à sua demanda. "Como agricultores com mais de 60 anos, trabalhando em áreas desérticas difíceis, apreciamos o tremendo valor que o AgroScout traz aos produtores", diz.
Vincent Tchenguiz, da Agriline, emendou: "A Agroscout não serve apenas a milhões de produtores em todo o mundo, mas também ao planeta. Sua plataforma baseada em IA de ponta torna a missão de proteger as lavouras de qualquer agricultor mais fácil e eficiente, ao mesmo tempo em que cumpre com a descarbonização da economia global."