Setembro 8, 2021.
Por Marina Salles
A Bipp — plataforma que facilita transações de compra e venda entre uma rede de mais de 400 produtores e 70 empresas, entre cooperativas e agroindústrias — está pronta para atender também às startups do agronegócio.
Segundo Marcus Linhares, CEO da Bipp, a solução permite às agtechs centralizar e baratear suas operações financeiras, além de ter acesso a uma comunidade crescente, que este ano já transacionou mais de R$ 6 milhões em produtos em 22 Estados. No acumulado de janeiro a dezembro, esse valor deve somar na faixa de R$ 15 milhões a R$ 18 milhões.
Por meio da plataforma Bipp, o usuário pode criar sua própria loja virtual, incluir ofertas e anunciar demandas de forma gratuita e interagir com terceiros, como num grande shopping disponível na palma da mão — sendo cobrado apenas pela efetiva realização de transações financeiras.
Durante a incubação no Laboratório de Inovação Tecnológica e Financeira do Banco Central no ano passado, a Bipp se converteu em uma fintech e desenvolveu uma tecnologia de meios de pagamento própria, além de uma maquininha de cartão. E é assim que consegue cobrar taxas mais acessíveis do que os grandes bancos na emissão de boletos, transferências e vendas no cartão de crédito.
“Enquanto um banco chega a cobrar R$ 13 por uma TED ou R$ 8,50 para transferências Pix de pessoa jurídica, os clientes com conta aberta com a gente estão pagando R$ 3 por transferência”, exemplifica Linhares. A essa taxa, relacionada ao serviço financeiro, se soma apenas a comissão de 0,6% a 1,2% da Bipp pela conclusão da venda na plataforma.
Com experiência na área de administração, com ênfase em inovação, educação empreendedora, startups e empreendedorismo digital, Marcus Linhares é professor há mais de 20 anos.
Atualmente, lecionando no Instituto Federal do Piauí, ele ajudou a fundar o Núcleo Avançado de Educação Empreendedora (NAVE Lab), que incentiva os alunos a montarem os seus negócios em diversas áreas de interesse.
“Eu sempre estive ligado ao universo do empreendedorismo e cheguei, eu mesmo, no agro por uma provocação da minha orientadora de doutorado, que tinha uma linha de pesquisa relacionada à indústria de alimentos”, conta Linhares.
Mais próximo do setor, ele identificou a oportunidade de criar uma plataforma de integração comercial para dar suporte à certificação de produtos orgânicos, que evoluiu para atender outras cadeias produtivas e integrar serviços financeiros num marketplace, que hoje é a Bipp.
Pela Bipp, o produtor rural consegue vender seus produtos online para cooperativas e agroindústrias sem depender de atravessadores. Enquanto essas mesmas cooperativas e agroindústrias passam a poder operar também de forma digital e sem depender de grandes bancos. No caso de estabelecimentos que vendem insumos, a vantagem de entrar para a plataforma está em acessar o produtor rural por um novo canal, o e-commerce, além de ter à mão um melhor serviço financeiro.
Autor do livro C.H.O.Q.U.E., que tem como premissa ajudar a estruturar novos negócios com base nos pilares do Conhecimento, Habilidade, Operacionalidade, Quanti-Qualidade, Uniformidade e Efetividade, Linhares está pondo em prática suas próprias teorias.
De 2017, ano da idealização da Bipp, até o momento, a startup já levantou R$ 190 mil em edital do Banco do Nordeste do Brasil e R$ 180 mil em edital da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O restante do capital investido veio do bolso dos sócios.
A seu lado na sociedade da Bipp, Marcus Linhares tem o mestre em Ciências da Computação pela Universidade Federal do Pernambuco, Washington Valdeci, que atua como CTO da startup, hoje com 12 funcionários.
Professor de informática do Instituto Federal do Sertão Pernambucano, Valdeci compartilha com Linhares o sonho de continuar tirando ideias inovadoras do papel e ver a Bipp crescer.
“Depois de auxiliar o produtor, a cooperativa e a loja de insumos, a gente está abrindo a possibilidade de atender startups porque toda startup precisa de um meio de pagamento, e entendemos que a nossa solução pode gerar muito valor e fomentar o ambiente empreendedor”, afirma o professor.