Junho 7, 2021.
A startup francesa My Easy Farm, de gestão da agricultura digital, está chegando ao Brasil com uma plataforma de integração de dados que visa economizar tempo e dinheiro do produtor rural.
A ideia é que ele acesse dados de solo, satélite, colheita, aplicação de insumos e relatórios, como os de monitoramento do maquinário e dos funcionários, em um só lugar.
Fundada em 2017, a agtech faturou 148 mil euros no ano passado atuando na França, Itália, Alemanha Espanha, Bélgica e Eslovênia e, este ano, espera crescer 90% seu faturamento após a entrada no mercado de carbono na Europa e a expansão sobretudo no Brasil e novas áreas na Itália.
Com mais de 1 milhão de euros captados entre investidores desde a sua criação, a empresa tem um portfólio de cerca de 400 clientes no mundo.
Segundo Martin Lucidarme, coordenador da operação da My Easy Farm no Brasil, a plataforma nasceu mirando a necessidade de facilitar o dia a dia do produtor rural e extrair valor dos dados coletados a campo — que muitas vezes se perdiam em pen-drives, HDs e planilhas.
Com tudo isso organizado e conectado a um sistema agnóstico, o objetivo é aumentar a agilidade e assertividade na tomada de decisões.
“Ganhando tempo nas análises e no manejo, o produtor consegue melhorar a rentabilidade da sua produção”, ele explica.
O fluxo de dados, entre as máquinas e o sistema, se dá por uma via de mão dupla em que um alimenta o outro, independentemente da marca dos equipamentos.
A startup já está integrada aos sistemas da AGCO, John Deere e das marcas da CNH Industrial. No Brasil, irá operar com arquivos em formato padrão Shape, mais comuns no mercado, e também com a tecnologia de comunicação entre tratores e implementos agrícolas ISOBUS.
“Nosso diferencial é a automatização na troca de dados e a adaptabilidade do nosso sistema aos diferentes formatos de arquivos utilizados no mercado”, reforça o líder da My Easy Farm no Brasil.
Martin Lucidarme, líder da My Easy Farm no Brasil
Por meio da plataforma da startup, antes de fazer a semeadura em um talhão, por exemplo, o produtor consegue realizar todo o seu planejamento.
Com um mapa de colheita da safra anterior visível no sistema, dados de biomassa, satélite e análises de solo, é capaz de identificar zonas de baixo potencial produtivo e criar uma recomendação de menor aplicação de semente nessas áreas.
Na sequência, pode criar uma única ordem de serviço com a recomendação do manejo, hora, data, máquina e funcionário indicado para a tarefa.
No trator, a depender do maquinário, os dados e os comandos são imputados automaticamente ou monitorados pelo operador direto da tela do celular.
De volta à sede, o sistema permite que o funcionário faça o download de um relatório da tarefa recém executada em formato de texto ou de mapa. E, assim, fica registrada na plataforma qual semente foi usada no talhão, em que quantidade, durante qual período efetivo, com quais outros insumos e com que gasto de combustível.
Pelo sistema ainda, é possível controlar o custo de produção e avaliar, ao fim da safra, se houve mudança na produtividade por conta da decisão de alterar a taxa de aplicação de sementes.
Hoje operando principalmente com concessionárias de máquinas agrícolas e cooperativas na Europa, a My Easy Farm está aberta a acessar o produtor rural brasileiro também de forma direta e via parcerias com revendas.
Em todos os casos, a startup oferece suporte ao cliente final e garante que nenhum dado inserido na plataforma será usado para fins de venda de outros produtos. “É muito importante ressaltar essa questão da segurança que damos aos dados e do fato de não utilizarmos os números, mesmo que de forma anônima, para rentabilizar a solução”, diz Lucidarme.
No modelo B2B, a empresa cobra dos parceiros pelo uso do seu serviço.
No mundo, a My Easy Farm atende sobretudo produtores de grãos e cereais, como milho, trigo e cevada. No Brasil, tem condições de ampliar esse leque para lavouras de café, frutíferas, cana-de-açúcar, entre outras.
Além de auxiliar na gestão dos manejos da propriedade, a plataforma da startup também possui dados próprios de meteorologia e vai começar a funcionar na Europa, neste mês de junho, com a emissão de um relatório de sequestro de carbono, que abre espaço para a certificação das fazendas participantes e comércio dos seus créditos.