Carbonext capta R$ 200 milhões com a Shell para desenvolver projetos na Amazônia

O investimento será destinado a proteger e reflorestar Amazônia por meio da emissão de créditos de carbono e outras atividades da bioeconomia 

Julho 11, 2022

Por Marina Salles

A Carbonext, maior desenvolvedora de projetos de geração de créditos de carbono REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação) do Brasil, anunciou um novo aporte. Depois de receber R$ 30 milhões em rodada série A de mais de 20 investidores em 2021, entre eles Canary e Alexia Ventures, a empresa atraiu agora a Shell Brasil para o quadro de sócios, que chegou com um cheque de R$ 200 milhões para desenvolver projetos na Amazônia. O foco será em iniciativas para proteger, reflorestar e conduzir  atividades da bioeconomia na floresta. 

Até 2021, a Carbonext gerenciava a parte técnica de três projetos de crédito de carbono em áreas florestais nativas e sob risco de desmatamento, no Acre e Amazonas. Em 2022, outras ações foram viabilizadas e já são cerca de 2 milhões de hectares de vegetação protegidos pelos projetos da empresa e de seus parceiros. Nos projetos, após a atuação da Carbonext, proprietários de terras passam a ter uma alternativa financeiramente atrativa para manter a floresta em pé. Para isso, a empresa também busca identificar a vocação econômica das áreas. Por exemplo: extração de açaí, castanhas, látex, manejo sustentável da madeira.

Uma vez emitidos, os créditos de carbono gerados pela Carbonext e seus parceiros são negociados no mercado voluntário de carbono e certificados pela VERRA, órgão internacional especializado neste tipo de serviço. Cerca de 70% do valor arrecadado com a venda de créditos de carbono ficam na floresta, com os proprietários da área protegida e com as comunidades assistidas pelas ações socioeconômicas para promoção do desenvolvimento sustentável da empresa. 

Bioeconomia e geração de créditos de carbono

O investimento da Shell é minoritário e toda gestão da Carbonext, que já atua no segmento há 12 anos, permanecerá a cargo de seus sócios-fundadores: o economista Luciano Corrêa da Fonseca (mestre em Ciências Políticas e ex-diretor do Pátria Investimentos) e a engenheira florestal Janaína Dallan (uma das especialistas brasileiras da ONU para Mudanças Climáticas, presidente da Aliança Brasil de Soluções Baseadas na Natureza e a única representante do país a integrar o painel de experts para o Integrity Council for Voluntary Carbon Markets).

A Carbonext vai usar os recursos para expandir sua atuação em novos segmentos da bioeconomia e ampliar um time de especialistas florestais capazes de criar e gerenciar projetos de geração de créditos de carbono. Desde 2021, o compromisso da Carbonext com a preservação da Floresta Amazônica fez com que a empresa aumentasse em 340% a área de vegetação preservada na região mais vulnerável da floresta, o Arco do Desmatamento (um corredor que vai do Acre ao sul do Pará, passando por Amazonas, Rondônia e Mato Grosso). 

Nos primeiros cinco meses de 2022, os projetos desenvolvidos pela Carbonext geraram aproximadamente R$ 150 milhões em créditos no mercado voluntário de carbono, comercializados com empresas e entidades como o BNDES. Também são seus clientes TIM, C6 Bank, Uber, Raízen, Unidas, isaCteep, Banco Fibra, Liberty Seguros, Buser etc.

Parceria ganha-ganha

A parceria com a Shell possibilitará o acesso a inovações e processos nas áreas de biotecnologia e monitoramento da gigante petroleira. Essas sinergias devem incrementar os mecanismos de proteção dos mais de 2 milhões de hectares de Floresta Amazônica já protegidos por projetos de crédito de carbono desenvolvidos ou em desenvolvimento pela Carbonext e seus parceiros. O acordo estabelece uma série de ações conjuntas nos próximos 100 dias para que a parceria técnica comece a apresentar resultados.

"Nossos projetos, associados à ação de nossos parceiros, geraram em 2022 o maior volume de créditos de carbono florestais do país, com certificação e auditoria de organismos internacionais como a VERRA. Estamos contribuindo para frear o aquecimento global, a partir da preservação das florestas, e também para as discussões essenciais sobre a transição para a economia de baixo carbono, como o desenvolvimento da bioeconomia”, declaram os co-CEOs em nota.

Com a parceria, a Carbonext também terá acesso a tecnologias de ponta em uso pela Shell, como imagens de satélite de alta definição, um algoritmo para identificar focos de desmatamento e uma tecnologia que, a partir de amostras de solo e água, permite conhecer as características da biodiversidade local, segundo informação obtida pelo Capital Reset.

Para a Shell, a Carbonext é uma forte aliada na execução do seu plano de promover uma transição energética e descarbonização até 2050, quando pretende zerar suas emissões líquidas. O acordo com a Carbonext também marca a entrada da Shell no negócio de Soluções Baseadas na Natureza no Brasil.

“Associar nossa companhia à Carbonext é um passo importante para nossa meta de compensar 120 milhões de toneladas de CO₂ ao ano até 2030 com soluções baseadas na natureza para o Escopo 3, que são emissões difíceis de se abater, em linha com a hierarquia de mitigação”, afirma André Araujo, presidente da Shell Brasil, em nota.

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Maurício Moraes

Maurício Moraes

Sócio e líder do setor de Agronegócio, PwC Brasil

Dirceu Ferreira Junior

Dirceu Ferreira Junior

COO do PwC Agtech Innovation e sócio, PwC Brasil

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