Novembro 29, 2022
Por Marina Salles
A transformação digital está longe de acontecer do dia para a noite. No Facebook, foram cinco anos até o início da escalada no número de usuários. No WhatsApp, quatro anos. E, ao que tudo indica, passados cinco anos da fundação da startup Grão Direto, chegou o ponto de virada em que sua operação irá tracionar. Em evento em São Paulo, batizado “2023: O ano 1 da Comercialização Digital de Grãos”, a startup apresentou indicadores que reforçam esse entendimento.
De acordo com Gabriela Silva Felizardo, Head de Operações na Grão Direto, a startup espera encerrar 2023 com 500 mil downloads do seu aplicativo ante 270 mil em 2022, um crescimento de 85%. Em termos de time, a expectativa é chegar a 160 pessoas ante 120 atualmente. “Eu fui a primeira funcionária da Grão Direto, e lá em 2018 nosso número de downloads não passava de 1.000. Foi quando tivemos as primeiras interações e negociações na plataforma na região do Triângulo Mineiro, onde fica nossa sede, em Uberaba (MG)”, conta.
Hoje, com uma base de usuários robusta e cases de sucesso com players de diferentes elos da cadeia do agronegócio, o caminho está pavimentado para escalar as operações. Gabriela afirma que de 2018 para cá, a Grão Direto construiu uma série de experiências positivas, seja do lado dos compradores seja dos vendedores. Cases de sucesso estes que foram apresentados durante o evento, envolvendo de produtores de grãos e donos de granjas a cooperativas, consultores e tradings.
“Em 2022, vivemos também um marco, recebemos investimento das principais empresas que comercializam grãos no mundo, o que representa a fusão do tradicional com o digital e reforça nossa visão de que 2023 será o ano 1 da comercialização digital de grãos”, justifica. De 2018 a 2022, a Grão Direto captou R$ 56 milhões com investidores. A última rodada, com a participação das tradings Amaggi, ADM, Cargill e LDC, foi de R$ 40 milhões.
Marco Cecílio, da Maíz Consultoria, que presta serviço para a Grão Direto, destacou mudanças de comportamento no mercado que acompanharam o crescimento da startup e que sinalizam para um ambiente mais propício ao crescimento acelerado da comercialização digital de grãos. Segundo ele, enquanto a empresa crescia, alguns sentimentos foram ficando para trás e dando lugar a um novo paradigma:
PASSADO
Informação limitada e pouca autonomia
Necessidade de consulta de preços pelo telefone
Preços desatualizados em curtos espaços de tempo
Poucos compradores conversando com poucos vendedores
Oportunidades perdidas em dias bons e falta de oportunidades em dias ruins
Relacionamento padronizado
Grandes empresas sem saber endereçar o digital
PRESENTE
Mais informação e informação na palma da mão
Consulta de preços online
Preços atualizados a cada minuto
Acesso a múltiplas ofertas de compra e venda
Qualificação das ofertas por perfil
Melhor aproveitamento de oportunidades
Digital como ferramenta para aprimorar relacionamentos, de forma ampla e com qualidade
Possibilidade de ampliação da oferta de serviços adicionados
Relacionamento segmentado
Grandes empresas abraçando o digital como caminho
FUTURO
Informações conectadas e sistemas inteligentes para tomada de decisão
Digital como parte natural da rotina
Descoberta de novas oportunidades
Relacionamento personalizado
Grandes empresas prontas para usar o digital a fim de mudar de patamar
Em pesquisa realizada no 1° semestre de 2022, a Grão Direto verificou outros indicativos de que o oceano azul para o seu crescimento estava mais próximo. Os dados, coletados em parceria com a OperData, empresa de consultoria estatística, foram apresentados durante o evento em São Paulo.
A pesquisa foi respondida sobretudo pelos atuais tomadores de decisão nas fazendas e empresas que operam na plataforma (68,8%), com idade entre 35 e 65 anos, dentro de um universo de mais de 270 mil usuários da Grão Direto. Entre os respondentes, estão produtores (40%), compradores (28,4%) e outros (31,4%).
Destes, 52% compram ao menos 1x ao mês na Grão Direto, ou seja, são usuários digitais muito ativos dentro da plataforma. Cerca de 15% compram ao menos 1x a cada 3 meses e os demais têm frequência que vai desde uma compra anual ou semestral até nenhuma compra desde o download.
Entre os usuários, o WhatsApp aparece como o aplicativo mais usado para comunicação em geral (96,3%). Os participantes também afirmam estar no Instagram (52,8%) e Facebook (51,8%). O LinkedIn é usado por uma minoria dos usuários da Grão Direto (12,6%).
A pesquisa apontou que existem diferenças entre os ciclos de negociação dos diferentes players do mercado. No caso dos produtores, o ciclo é mais longo, dado que costumam avaliar mais o mercado antes de decidir fechar negócio. Da amostra de produtores entrevistados, 22% fecha negócio em um dia; 26% em dois dias e 34,6% em até uma semana. Outros 12% levam até 10 dias e 5,3% levam mais de 10 dias.
Já os compradores tendem a ser mais ágeis nas negociações, uma vez que têm demandas momentâneas para suprir e, normalmente, não têm a opção de ficar fora de mercado. Entre esse público, 41,5% dos ciclos de negociação se encerram em um dia; 33% em até dois dias; 16% na mesma semana; 7,5% em no máximo 10 dias e 1,8% ultrapassam os 10 dias.
Como maiores fatores de impacto para fechar uma negociação, os respondentes destacaram, por ordem de relevância: prazo para pagamento, preço do frete e quantidade de sacas disponíveis. Uma vez fechado o negócio, os principais desafios que se colocam no caminho entre a efetiva troca do produto por dinheiro, são a logística de entrega dos grãos, seguida do armazenamento e gestão da nota fiscal.
Em 2021, 1 milhão de toneladas de grãos foram negociadas digitalmente por meio da plataforma Grão Direto. De janeiro a junho de 2022, esse número já havia sido atingido. Os quatro recursos mais utilizados do app são: acesso a preços (84%), notícias (80%), dados de mercado (77%) e previsões de climáticas (72%).