Dezembro 6, 2022
Por Marina Salles
O Grupo OCP, líder global em nutrição de plantas e o maior exportador mundial de fertilizantes fosfatados, anuncia a parceria para um projeto de sequestro de carbono no solo em conjunto com a Bioline by InVivo e a agtech Agrorobótica. A iniciativa começa com a participação de um produtor rural de Mato Grosso, Victor Griesang, da Sementes Tropical, e no futuro deve ser ampliada. Já nesta primeira fase, o intuito é abranger áreas produtoras de algodão, soja e milho.
A parceria irá incentivar práticas de agricultura regenerativa para aumentar a produtividade e a qualidade do solo por meio de soluções digitais personalizadas, customizadas conforme a área e cultura. Ademir Bazzotti, VP de Novos Negócios e Inovação da OCP Brasil, celebra a parceria, como forma de contribuir para um futuro mais sustentável, o que norteia as estratégias de negócios da OCP. “Projetos como este desenhado no Brasil, onde conectamos startups e parceiros, posicionando o produtor no centro e entregando valor a todos os envolvidos, tangibilizam a nossa estratégia e tornam a OCP um parceiro de escolha no ecossistema”, diz.
No AgTech Garage desde 2019 como Innovation Partner, a OCP iniciou naquele ano o relacionamento com a Agrorobótica no programa de potencialização de startups Intensive Connection (IC). A relação madura, a que se somam outros stakeholders, já é um case de sucesso aplicado na inovação aberta. “Nós, da OCP, estamos muito contentes de alavancar esse projeto com a Agrorobótica, que inclusive esteve na nossa sede no Marrocos por conta do IC edição 2019; a Bioline, que nos viabiliza o acesso aos produtores na ponta através das cooperativas; e o Victor Griesang, produtor da terceira geração da Sementes Tropical”, diz Franciele Trentini, Coordenadora de Inovação da OCP Brasil.
Time da OCP visita escritório da Agrorobótica (Foto: Divulgação)
O projeto aplicará a ferramenta de análise do solo da Agrorobótica baseada na tecnologia LIBS, Laser Induced Breakdown Spectroscopy, em inglês, ou espectroscopia de quebra induzida por laser, em português.
A LIBS é uma técnica analítica que utiliza um laser de alto foco para criar um microplasma na superfície da amostra de solo, de modo a determinar sua composição elementar sem gerar resíduos químicos nocivos. Assim, permite, medir, relatar e verificar o conteúdo de carbono em amostras de solo das lavouras e quantificar o potencial de sequestro das fazendas.
A partir desse diagnóstico, o produtor é estimulado a adotar práticas regenerativas. Essas práticas ampliam a capacidade do solo de sequestrar carbono e melhoram sua saúde e fertilidade. Em consequência, são reduzidas as emissões de carbono e é gerada renda adicional para o produtor rural.
Enquanto o produtor colhe benefícios no campo, os demais stakeholders envolvidos geram impacto positivo na gestão de suas emissões e uma contribuição voluntária para o meio ambiente. No caso da OCP, os créditos de carbono gerados na parceria serão utilizados para cumprir o objetivo de alcançar a neutralidade em carbono até 2040.
Hanane Mourchid, Diretora de Sustentabilidade Corporativa do Grupo OCP, reforça que os esforços do conglomerado nessa frente têm ocorrido a nível mundial. Hoje, o grupo promove práticas de agricultura regenerativa no Brasil, África e outras regiões do globo, apoiando os agricultores por meio de treinamento e implementação da abordagem 4C (fertilizante certo, na dose certa, no período certo e no local certo).
“Estamos entusiasmados em contribuir com este importante passo para aumentar a iniciativa de cultivo de carbono. Este projeto em escala criará uma nova receita para os agricultores, recompensando-os por seus esforços em contribuir para a ação climática global. O projeto é uma forma concreta de liberar o potencial da agricultura como um sumidouro natural de carbono que ajudará a alcançar os objetivos do Acordo de Paris”, diz Hanane.
Laurent Martel, CEO da Bioline by InVivo, destaca que a agricultura pode regenerar o capital natural, sendo uma solução para a crise climática e que, portanto, os agricultores devem ser pagos por suas ações regeneradoras. No sentido de promover a transição agrícola de baixo carbono, a Bioline by Invivo está lançando não somente este projeto no Brasil, como também outras iniciativas na França. Uma delas é a Carbone&Co, com cooperativas francesas. Outro projeto é o CarbonExtract, que se baseia em uma ferramenta digital de monitoramento, relatório e verificação de carbono no contexto agrícola.
“A agricultura de baixo carbono é um modelo nascente que precisa ser testado em diferentes campos experimentais, juntamente com outras ferramentas para financiar a transição. Uma abordagem global faz muito sentido para identificar as melhores oportunidades. Esperamos muito da nossa parceria com a OCP por meio deste piloto, que alimentará nossa construção de conhecimento para encontrar, criar e acelerar as soluções que ajudarão os agricultores a regenerar o meio ambiente e diversificar sua renda”, diz Martel.
Fábio Angelis, fundador & CEO da Agrorobótica, relata que o objetivo da startup é contribuir com a segurança alimentar e mitigação das mudanças climáticas no planeta, o que Aida Magalhães, CTO da Agrorobótica, entende ser possível com a ajuda da plataforma de inteligência artificial da agtech.
“Por meio da plataforma de IA AGLIBS, digitalizamos o manejo da fertilidade do solo e nutrição de plantas para geração e comercialização de créditos de carbono na agricultura. A parceria estratégica com a OCP e a Bioline by Invivo possibilita levar nosso propósito ao agricultor, trazendo como geração de valor o aumento da produtividade agrícola e sustentabilidade, com monetização do carbono”, diz Aida.
Victor Griesang, Diretor Executivo da Tropical, comemora a participação no projeto. "Estamos muito felizes em poder participar deste projeto. Temos muito interesse em nos desenvolver de forma sustentável. Queremos aprender novos métodos, medir novos pontos, conhecer novas tecnologias e adaptar-nos a uma produção agrícola amiga do ambiente.”