Agosto 18, 2022
Por Marina Salles
A John Deere oficializou um projeto de colaboração com a DataFarm que tem como objetivo analisar o “yield gap” no campo. Isto é, a diferença entre a produtividade potencial e real das lavouras.
De um lado, a startup brasileira oferece uma plataforma de inteligência de dados que identifica a origem das perdas de produtividade e fornece insights para a prática da agricultura regenerativa. De outro, a John Deere, por meio do seu Operations Center, aumenta a capacidade de análise da startup. O objetivo é potencializar a produtividade em fazendas de todos os portes.
Por meio da plataforma fornecida pela DataFarm e das ferramentas de análise de dados e conexão presentes nas máquinas da John Deere, o produtor é capaz de traçar diagnósticos de yield gap e criar um banco de informações. Carlos Melo, líder comercial da DataFarm, explica que a plataforma da startup integra diversas camadas de dados agronômicos que, somados a uma modelagem climática, identificam a origem das perdas de produtividade.
A solução fez sentido para a John Deere no contexto da geração de valor em três frentes. (1) Na ponta, para ajudar o produtor a entender e quantificar as perdas de produtividade que ocorrem durante o ciclo agrícola. (2) Nas concessionárias, a fim de desenvolver um modelo de negócio para trabalhar parcerias ganha-ganha com startups. (3) Na companhia como um todo, promovendo o uso de dados conectados à plataforma Operations Center, para máximo proveito nas tomadas de decisões.
“Ao conhecer os motivos dessa perda de produtividade, damos visibilidade ao concessionário John Deere, por exemplo, sobre quais gaps estão relacionados à operação agrícola, gerando a oportunidade de otimização do equipamento e de maior capacitação do operador”, conta Melo em apresentação sobre o projeto no Agtech Innovation Podcast.
No processo de reduzir a diferença entre a produtividade real e a atingível, são levadas em consideração ainda as interações do clima no ambiente de produção em função do relevo, tipos de solo, compactação e práticas agrícolas.
Além de analisar o yield gap, a DataFarm realiza estudos a fim de promover a agricultura de baixo carbono, com maior capacidade de retenção de carbono no solo e menores emissões de gases de efeito estufa, o que também somou pontos na parceria.
“Com essa colaboração, a John Deere visa também potencializar os ganhos sustentáveis das máquinas, já olhando para o mercado brasileiro de crédito de carbono”, diz Dan Leibfried, diretor de Inovação da John Deere na América Latina, em nota.
Na visão dos co-fundadores da DataFarm, Armando Parducci e Thiago Camargo, a colaboração com a John Deere vai gerar valor compartilhado para todo o ecossistema. Isto na medida em que conecta produtores, consultores, parceiros e concessionárias em prol da eficiência agrícola, rentabilidade e sustentabilidade.
A relação entre a John Deere e a DataFarm começou a ser construída há dois anos, durante um dos programas de inovação aberta da companhia, o Startup Collaborator Program. À época, em 2020, era a primeira vez que uma startup da América Latina era selecionada para o programa. Naquela edição, além da DataFarm, foram escolhidas outras três startups, dos Estados Unidos, Dinamarca e Israel.
No Brasil, a colaboração entre as partes segue também dentro do AgTech Garage, sendo tanto a DataFarm como a John Deere membros da comunidade desde 2019. De lá para cá, a John Deere passou da categoria de Ecosystem para Innovation Partner do hub e tem desenvolvido uma série de projetos de inovação aberta com os diversos atores do ecossistema. Em 2021, foram oito no total, um deles com a DataFarm — que chegou à finalíssima do AgTech Garage Awards, premiação concedida pelo hub a grandes cases de inovação aberta.