Dezembro 26, 2022
Por Marina Salles
A Rúmina, ecossistema de soluções tecnológicas para a pecuária de leite e de corte, anuncia os planos para o seu próximo ciclo. Formado por cinco empresas, o ecossistema atende necessidades que vão do monitoramento da saúde animal no campo (OnFarm) à gestão zootécnica e financeira na pecuária de leite (Ideagri) e corte (Bovitech) até a oferta de crédito (RumiCash) e acompanhamento da qualidade do leite nos tanques do produtor, transportador e da indústria (RúmiTank).
De acordo com Laerte Cassoli, CEO da Rúmina, o desafio que move o ecossistema é ajudar o pecuarista a crescer, quebrando barreiras para o aumento de produtividade e sustentabilidade. “Enquanto Rúmina, mapeamos quais as principais dores dos pecuaristas e como a tecnologia poderia ser a grande alavanca da sua transformação. Não tenho dúvidas de que é muito mais fácil gerenciar uma fazenda com um software hoje do que era no passado. As soluções do nosso ecossistema são facilitadoras, para se produzir de forma mais sustentável, com qualidade, competitividade e foco nos anseios do consumidor”, diz.
Essa proposta já vem mostrando sua força, e a cada ano atrai mais pecuaristas e também investidores. Em abril de 2022, a Rúmina levantou R$ 25 milhões em rodada liderada pela Barn Investimentos, que teve participação das gestoras Indicator Capital, InvestTech, Graphene Ventures e Xperiment. A controladora do negócio segue sendo a 10b, ligada à SK Tarpon, que lançou os moldes da plataforma de soluções no final de 2021 prevendo alcançar receita recorrente de R$ 30 milhões em 2022.
Hoje, as cinco empresas que compõem a plataforma atendem juntas 8 mil fazendas e a meta é impactar mais de 300 mil fazendas de pecuária no Brasil e na América Latina nos próximos 10 anos.
Depois de se consolidar no mercado brasileiro, a OnFarm, que começou a operar em 2019 em Piracicaba (SP), avança para crescer na América Latina atacando o problema da mastite do rebanho leiteiro, doença que afeta a qualidade do leite e acarreta descartes de produção.
Em 2022, a OnFarm cruzou as fronteiras do Brasil e expandiu para Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia e Equador — contribuindo para a transformação tecnológica de mais de 3.500 fazendas.
No Uruguai, passou a atender a Estancias Del Lago, uma das maiores exportadoras de leite em pó do país e líder na produção leiteira na América Latina, com mais de 550 mil litros produzidos por dia. Na Colômbia, conquistou a segunda fazenda no ranking produtivo nacional, chamada Terra Leche. No Equador, um de seus clientes é o laticínio Rey Lácteos, que integra a Holding Favorita Fruit Company.
Em toda a América Latina, a OnFarm trabalha com um mini-laboratório portátil que auxilia no diagnóstico da mastite e, com isso, é capaz de reduzir em até 50% o uso de antibióticos nas vacas. Hoje, são mais de 2.200 equipamentos em uso em prol da saúde de 200 mil animais em lactação. Com o crescimento paulatino na região, a Rúmina estima um mercado potencial de mais de 1 milhão de fêmeas passíveis de serem beneficiadas pela OnFarm.
Para 2023, a perspectiva é que a startup aumente em 60% o faturamento ante 2022. A mensalidade para adoção da tecnologia da OnFarm varia da casa de R$ 350 a R$ 600, conforme o número de testes de mastite aplicados no rebanho.
“Uma outra dor que a gente mapeou entre os pecuaristas de leite é o acesso a crédito, e de um jeito diferente, rápido e não burocrático”, diz Cassoli — que resultou na criação da RumiCash em Belo Horizonte (MG) em 2021. A startup oferta microcrédito para atender demandas de curto e médio prazo dos produtores, como a compra de insumos, de forma simples e descomplicada, que passa por um atendimento via WhatsApp.
No mercado há pouco mais de um ano, atualmente sua carteira tem 5 mil produtores e a empresa prevê o crescimento para cerca de 11 mil pecuaristas em 2023, ante um mercado potencial de 300 mil pessoas. Segundo Cassoli, a meta é continuar crescendo a partir do relacionamento estreito com a indústria. Até aqui, a RumiCash mantém parceria com oito laticínios: Catupiry, Vigor, Scala, Verde Campo, PJ, Quatá, Lac Lelo/Cruzília e Agnus.
Gabriela Borlido, CEO da RumiCash, lembra que muitas indústrias do ramo costumam financiar a cadeia de fornecedores e conta como a startup quer ocupar esse lugar. “Com dados diretos dos laticínios, o nosso ‘motor’ de crédito analisa características operacionais, indicadores de qualidade de leite e estimula a melhoria do produto final, com foco também em bem-estar animal. É uma análise que nenhum banco faz, extremamente focada no negócio da pecuária de leite”, detalha Gabriela. Para 2023, as negociações via RumiCash são projetadas em R$ 200 milhões.
A mais nova entre as soluções do ecossistema Rúmina é a RúmiTank, que vem para apoiar a cadeia leiteira na garantia da qualidade do seu produto. A solução monitora em tempo real o volume e a temperatura do leite, de acordo com Cassoli.
O objetivo é gerar valor para os três principais interessados nessa informação: o produtor (que vai saber se houve algum problema de armazenamento ou refrigeração na fazenda); a indústria (para que tenha a rastreabilidade do leite e possa melhorar a logística de coleta) e o transportador (que faz o trajeto do meio do caminho). Conforme explica Cassoli, a solução cumpre o papel de conectar o campo e a indústria, dando rastreabilidade aos produtos entregues, no final do dia, ao consumidor.
Junto desta solução, os produtos da Ideagri e Bovitech também devem ganhar tração em 2023, na visão do CEO da Rúmina. “Tanto a Ideagri quanto a Bovitech são ferramentas de gestão indispensáveis, considerando que a gente não consegue melhorar aquilo que a gente não mede. Aqui, a oportunidade é muito grande, porque são poucas fazendas pecuárias que já fazem uso de softwares e ferramentas de gestão. Então, temos muito a avançar”, afirma.
De modo geral, a Rúmina tem potencial de atender no Brasil a um mercado de 300 a 400 mil produtores profissionais de carne e de leite, que vão precisar promover melhorias no seu sistema de produção para se manter competitivos. Por meio de suas soluções, o objetivo é que os pecuaristas possam identificar melhorias em manejos e processos, além de novas oportunidades, gerando, em paralelo, resultados mais sustentáveis.