Sicredi seleciona startup para desenvolver solução de monitoramento e fiscalização do crédito rural

A Inplan Assessoria foi escolhida por meio de um desafio que contou com participação de 38 empresas

Abril 5, 2022

Com o objetivo de fomentar soluções que atendam as novas exigências de monitoramento do crédito rural presentes na Resolução 4895 do Banco Central, o Sicredi criou um desafio em parceria com o Agtech Garage. Realizado entre agosto e dezembro, o processo contou com a participação de 38 startups dispostas a apoiar na demanda de geração de amostras e gestão de processos de monitoramento e fiscalização de operações.

Para participar, as startups puderam apresentar suas propostas independente da fase da maturidade do projeto. Foram selecionadas 12 iniciativas para participação em eventos de Pitch Day, nos quais um time cross de profissionais do Sicredi avaliou as propostas dos empreendedores. 

“Participar do desafio foi uma experiência incrível! Nossa parceria com o AgTech Garage nos possibilitou não só encontrar uma empresa que atenda a nossa demanda normativa, mas também a conexão com diversas outras startups que desenvolvem soluções para as novas necessidades que surgem no agro”, comenta Daniela Santos, especialista de Crédito Rural do Sicredi, que ainda faz um balanço da parceria com o AgTech Garage. 

“Em um curto espaço de tempo, tivemos um grande ganho em soluções que apoiam o relacionamento com o público rural no Sicredi. Alguns exemplos recentes são ferramentas como o ProtecAgro, GeoCrédito, DigiAgro e o Proagro Fácil, e agora vamos contar com a SensorSat, uma ferramenta que possibilitará a execução e a gestão das operações monitoradas e fiscalizadas no Sicredi.”

A startup vencedora

A startup Inplan Assessoria é uma empresa gaúcha que já conhece o Sicredi. A startup atua com soluções para agricultura, principalmente confeccionando projetos agrícolas para fiscalizações de operações de crédito e seguros, projetos técnicos para acesso ao crédito rural, serviços de topografia, avaliações de bens imóveis e móveis, regularização ambiental para agricultores e grandes empresas.

Jesildo Lima, CEO da startup Inplan Assessoria, sinaliza que o diferencial da empresa está na disposição no atendimento de demandas do agro com expertise em fiscalização e monitoramento de operações de crédito. “Temos em nosso DNA a busca constante pelo uso de tecnologias inovadoras como o sensoriamento remoto via imagem de satélite e sistemas de GPS/RTK de alta precisão.”

Próximos passos juntos

Com a solução, o Sicredi terá a nova solução de monitoramento, que utiliza imagens de satélite, agregando ao processo de fiscalização que já é realizado. “Dessa forma, vamos simplificar o dia a dia nas cooperativas e principalmente reduzir custos, pela diminuição dos números de fiscalização presenciais realizadas nas operações”, contextualiza Daniela.

Já foi realizada a formalização do contrato com a Inplan Assessoria e alinhamento com os demais finalistas. Agora, os próximos passos são as customizações e as implementações na ferramenta SensorSat, que serão conduzidas em parceria entre o Sicredi e a startup. 

“Nossa expectativa é grande, estamos nos preparando há mais tempo com dedicação, empenho e profissionalismo, para atingirmos o mercado nacional. Dentro do nosso planejamento, a Inplan abraça essa oportunidade com desejo de produzir grandes resultados e contribuir para o agro. Obrigado AgTech Garage, obrigado Sicredi por viabilizarem esta parceria”, finaliza Lima.

A proposta de negócios da SuperOpa une a economia, tanto para o fornecedor quanto para o consumidor, à mitigação do desperdício de alimentos (Foto: SuperOpa)

Para usar a solução, o cliente faz o download do aplicativo e realiza um cadastro informando sua localização. A plataforma identifica, então, se o consumidor está em uma das mais de 500 cidades atendidas pela SuperOpa, entre os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. 

A chave está no entendimento de que, quanto mais próximo da data de vencimento o produto estiver, maior será o desconto aplicado. Borba conta que, dentre os mais de 11,2 milhões de pedidos feitos em 2021 (quatro vezes mais que em 2020), cerca de 20% são de itens com o selo Opa. A marca chancela que o produto foi classificado, ou com prazo de validade mais próximo da expiração ou fora do padrão estético, além de estar com valor promocional. Os  descontos são progressivos e chegam a até 70% do valor original praticado nas gôndolas.

De acordo com a SuperOpa, além de alimentos, outros produtos são comercializados na plataforma, como itens de higiene ou cosméticos. A tecnologia 100% automatizada da SuperOpa busca atender públicos mais sensíveis a preços, como as classes C, D e E. Até o momento, segundo a empresa, foi evitado o desperdício de mais de 200 toneladas de alimentos em 2021. A meta para 2022 é chegar a mil toneladas de comida “salvas”.

Em resultados, a geração de valor é significativa para os dois lados da cadeia. A SuperOpa ajudou na economia de mais de R$ 2,6 milhões pelos consumidores nos últimos dois anos. Entre os fornecedores, que evitaram o descarte de alimentos, a economia chegou a R$ 3,2 milhões em 2021.

A nova carta na manga da empresa foi a inauguração, no começo deste ano, de um centro de distribuição localizado na região metropolitana de Campinas (SP), com capacidade para receber até 6,5 mil toneladas de alimentos por mês. 

WhyWaste, gestão de vendas fora do tradicional

A SuperOpa atende os consumidores finais a partir da indústria. Já a sueca WhyWaste entende que o desperdício de alimentos também pode ser reduzido pela melhoria da eficiência logística nas redes de varejo. O modelo de negócios da startup europeia usa a inteligência de negócios como base da sua solução, e faz a gestão da venda de produtos que se aproximam do vencimento gerando um fluxo de redução de perdas.

Presente em mais de 18 países, da Europa, Ásia, América do Sul e Oceania, a WhyWaste tem cases de sucesso como o da Eurospar, rede de conveniência que foi premiada como a mais sustentável da Inglaterra ao registrar redução de 90% no desperdício de alimentos, e da brasileira Serra Azul - premiada no varejo como um dos cinco melhores cases de prevenção de perdas do Brasil, em 2021, pela Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe).

Com a inteligência artificial aplicada no sistema de gestão das lojas, a WhyWaste faz com que os produtos, expostos nas gôndolas dos supermercados acusem, por meio de alertas, que estão entrando em data crítica para a comercialização (começando quando faltam 20 dias até sua expiração). Então, é feita uma solicitação de rebaixamento, que impõe uma nova precificação calculada de forma automatizada pela tecnologia, já considerando o desconto baseado no shelf life (tempo de prateleira) restante.  

Ricardo Salazar, Gerente Geral da WhyWaste no Brasil, falou sobre o conceito. “Nós criamos a venda incentivada a partir do ajuste da precificação dos produtos, com o objetivo de reduzir as perdas de alimentos que ainda estão próprios para o consumo”, conta. 

O crescimento da WhyWaste têm superado as expectativas dos mais otimistas dos empreendedores. Depois de terem começado o ano de 2021 com a ferramenta instalada em apenas duas lojas, Salazar passou o Natal do mesmo ano vendo a tecnologia em mais de 200 estabelecimentos. Até abril deste ano, o número já dobrou. A meta para 2022 é chegar a mil lojas conectadas à plataforma.

O valor gerado supera a redução de perdas de produto por validade e passa também pelo ganho de eficiência operacional. Antes das redes contratarem o serviço sueco, era necessário que, em média, três colaboradores passassem por todas as sessões do estabelecimento para checar a data de validade de cada produto e identificassem aqueles com risco de perdas. O processo que sem a tecnologia demandava duas horas de serviço por dia, com a solução, toma 10 minutos de um único colaborador, responsável por acessar o sistema e etiquetar o produto com o novo valor sinalizando as condições de consumo.

Salazar conta que cerca de 2% dos produtos dos mercados necessitam desta gestão todos os dias - o que representa entre 200 e 300 produtos, em média. Quando os produtos são identificados com a assertividade da WhyWaste, os casos de perdas são reduzidos em até 80%.

Ricardo Salazar, Gerente Geral da WhyWaste no Brasil

Regulação do setor

Uma das maiores barreiras de entrada de startups como a SuperOpa e WhyWaste no Brasil é que, para as empresas, incinerar ou descartar alimentos vencidos ou próximos do vencimento em aterros sanitários ainda é mais barato do que fazer sua gestão precoce. Segundo Salazar, na Europa, as empresas devem, por determinação legal, pagar para descartar alimentos. “Acredito que os atores (varejo, distribuidores, indústrias, governos e clientes) precisam se conscientizar que os benefícios de reduzir o desperdício superam, e muito, a prática conveniente de descartá-los”, disse Salazar. 

O gerente da WhyWaste argumenta que um modelo atraente para o Brasil poderia ser baseado no movimento português “Unidos Contra o Desperdício”. Nele, os atores do setor de alimentos “interagem juntos para levantarem soluções bottom-up de melhores políticas, regulações ou incentivos para a redução do desperdício”, diz. 

Por aqui, a Lei 14016/20 permite a doação apenas de alimentos dentro do prazo de validade. Tanto a SuperOpa quanto a WhyWaste operam, no final de sua cadeia de processos, com doações. Uma vez preservada a segurança dos alimentos, o objetivo é ajudar a garantir a segurança alimentar. 

*Com edição de Viviane Taguchi

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Maurício Moraes

Maurício Moraes

Sócio e líder do setor de Agronegócio, PwC Brasil

Dirceu Ferreira Junior

Dirceu Ferreira Junior

COO do PwC Agtech Innovation e sócio, PwC Brasil

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