Vega, especializada em compliance ambiental, traça estratégia de crescimento acelerado

Expectativa é multiplicar por dez o número de clientes em dois anos e passar a atender bancos, seguradoras e o mercado de carbono

Junho 13, 2022

Por Marina Salles e Vitor Lima

De uma pequena empresa criada em Minas Gerais em 2018 pelo empreendedor Eneas Brum até se tornar parte do Grupo Imagem e, agora, voltar a ser uma startup independente, a Vega trilhou um caminho de sucesso na garantia do compliance ambiental no agronegócio. Nos últimos anos, a Vega atendia pelo nome Codex Agro. 

Entre seus mais de 30 clientes, estão Bayer, Syngenta, Bunge, Cargill, Amaggi e Sicredi. A meta é multiplicar por 10 essa carteira e chegar a 300 companhias atendidas até 2024. Tecnologia e time capacitado para isso, a Vega tem, segundo Ricardo Huffel, Diretor de Marketing de Portfólio e Produtos da Vega.

Ele mesmo fez carreira em grandes tradings do agronegócio, incluindo Bunge e Cargill, e deixou a Amaggi para ingressar na Vega há oito meses. Somente na Vega, a equipe — formada por geógrafos e mestres em engenharia florestal, além de doutores em processamento de imagens — soma quase 70 pessoas. Se contados os membros da Imagem Geo, que dão suporte administrativo e de infraestrutura à Vega, o número chega a 500 colaboradores envolvidos nos projetos de sustentabilidade. 

“A Imagem Geo é nosso porta-aviões e temos acesso a profissionais-chave quando assim é requerido. No caso específico da Vega, nossa expectativa é passar de 100 pessoas ainda em 2022”, afirma Huffel. Sócio-controlador da Vega, o Grupo Imagem tem 35 anos atuando nas áreas de TI e geotecnologia e atende diversos setores, como o agronegócio, setor de energia, saneamento e telecomunicações.

Ricardo Huffel, Diretor de Marketing de Portfólio e Produtos da Vega

Nova fase de aceleração

A solução da Vega já casa bem com a necessidade de tradings, agroquímicas, cooperativas, agroindústrias e o varejo e é suportada por seis fornecedores de imagens (cinco deles via satélite e um via radar). Com relação a culturas, a empresa trabalha nos segmentos de soja, milho, algodão, cana-de-açúcar, café e citros e planeja entrar ainda no mercado de arroz. 

Além deles, a Vega quer atender bancos e seguradoras, com soluções para dimensionamento da análise de crédito e verificação da autenticidade de sinistros, respectivamente.  “Buscamos uma posição de ascensão muito rápida e, depois de lançar esse foguete que é a Vega, estamos muito entusiasmados com o que está por vir”, diz Huffel.

Entre os serviços oferecidos pela empresa estão o monitoramento agroclimático, rastreabilidade de origem, diagnóstico socioambiental, inteligência territorial e gestão de ativos ambientais focada no Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) para acelerar o desenvolvimento sustentável do agronegócio. 

Para centralizar essas informações, foi desenvolvida a plataforma Lyra, que suporta processos de negócios, avaliação de riscos e análises sobre a evolução das operações nos territórios, em um ambiente digital alimentado por uma ampla base de dados e inteligência analítica. O sistema pode ser integrado, de forma nativa, com programas de gestão empresarial, como SAP, Oracle, Microsoft e Esri. 

Em linha com seu DNA, a Vega também faz a análise da conformidade legal e declaratória de propriedades rurais para antecipar possíveis problemas relacionados ao Cadastro Ambiental Rural (CAR). Foi justamente daí que a empresa se inspirou, dada potencialidade em soluções de compliance ambiental para o agro enquanto um dos atuais diretores, Samuel Campos, trabalhava na agência de inovação da Universidade Federal de Lavras (UFLA) em projeto para criação do CAR. Até hoje, a Vega já realizou cerca de 3,1 milhões de análises de compliance socioambiental e o monitoramento de 48 milhões de hectares em áreas produtivas e florestas.

Com toda essa experiência na análise de dados, a startup já se prepara para surfar também a onda do mercado de carbono. Seu objetivo é trabalhar para mensurar, reportar e verificar os créditos gerados pelo agronegócio, sem entrar na seara da emissão e comercialização dos mesmos. “Queremos dar para o produtor o reconhecimento da sua safra ambiental, além da safra agrícola”, diz Huffel. 

Outro desafio para o curto prazo é passar a fazer não só a rastreabilidade dos fornecedores diretos das empresas atendidas, o que já cobre em 100%, mas passar a rastrear ainda os indiretos. “Os indiretos são um grande desafio no agro, que precisa investir em regularização”, explica o executivo. De um lado, é necessário lidar com a inclusão dos produtores rurais. De outro, com a pressão dos compradores internacionais. Para chegar a um consenso, o caminho é o controle dos indiretos. 

Parceria com o AgTech Garage

Para avançar na sua estratégia de crescimento, a Vega firmou parceria com o AgTech Garage. Agora, a empresa passa a fazer parte da comunidade como Ecosystem Partner. Com sua sala exclusiva no hub e dois colaboradores alocados presencialmente no espaço, têm a oportunidade de participar dos eventos, gerar novas conexões e interagir com a comunidade de forma mais dinâmica. 

Os primeiros frutos já estão sendo colhidos pela Vega, que conquistou o feito inédito de ser selecionada numa mesma edição do Intensive Connection para os desafios tanto da Ceva, de nutrição animal, quanto do Sicredi, de crédito agrícola. O Intensive Connection é um dos principais programas de potencialização de startups do agronegócio na América Latina. “Para nós, a seleção é a chancela de que estamos na direção correta. São duas gigantes de ramos muito distintos reconhecendo o valor das nossas soluções e apostando no nosso trabalho”, diz Huffel.

Dentro do AgTech Garage, os planos da Vega incluem ainda a interação com investidores. Na escalada de crescimento, a busca por smart money foi mapeada como uma das estratégias para expansão no mercado brasileiro e internacional. 

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Dirceu Ferreira Junior

Dirceu Ferreira Junior

COO do PwC Agtech Innovation e sócio, PwC Brasil

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