Wolk e Cofco iniciam projeto para controle de operações de trato, preparo e plantio em usina de cana

Solução em fase de testes poderá ser usada também em outras culturas e por empresas de insumos para gestão de estoques nos clientes

Agosto 23, 2022

Rogério Nicola: “Existe um vácuo de solução no mercado para os tratos culturais, preparo e plantio", questão que a parceria com a Wolk visa endereçar (Foto: Arquivo pessoal)

Por Marina Salles

Wolk, que há mais de 10 anos atua na automatização de processos produtivos tendo migrado seu foco da mineração para o setor agrícola, está desenvolvendo uma prova de conceito (POC) com a gigante chinesa Cofco. A iniciativa visa controlar os processos da fase de trato, preparo e plantio da cana-de-açúcar e teve início na usina de Potirendaba (SP). 

No setor sucroalcooleiro no Brasil, a Cofco detém quatro usinas, sendo as outras três localizadas em Sebastianópolis do Sul, Meridiano e Catanduva (SP), o que totaliza 180 mil hectares plantados com cana-de-açúcar e uma moagem de 15 milhões de toneladas por ano, frente a uma capacidade de 18 milhões de toneladas. Entre as quatro unidades, o custo da operação é de R$ 800 milhões por ano e a expectativa é que o projeto gere redução de custos. 

“Se a gente economizar um pequeno percentual nos custos de operação, o projeto já se paga e vale a pena. Estamos falando aqui de uma iniciativa para controle do risco operacional que é muito relevante para nós”, diz Rogério Nicola, Gerente de Tecnologia e Automação Agrícola da Cofco. Luiz Cláudio Brito de Lima, CEO da Wolk, projeta uma redução de custo da casa de 5%, o que ficará mais claro conforme o projeto avança. Até novembro, a dupla espera ter métricas mais consistentes. 

Nicola lembra que o grande desafio tecnológico do setor sucroalcooleiro na última década foi a mecanização da colheita, depois, o controle das operações envolvidas neste processo e afirma que, agora, há espaço para olhar outras frentes. “Existe um vácuo de solução no mercado para os tratos culturais, preparo e plantio. Hoje temos muito pouco controle do que sai de produto pronto das usinas e o que é aplicado no campo, em termos de fertilizantes e defensivos agrícolas”, explica. Das usinas centralizadoras da Cofco, onde os produtos são preparados, até o local de aplicação no campo há um raio de 40 km. No trajeto de ida e volta do caminhão e abastecimento dos pulverizadores a campo, as empresas do setor têm ficado no escuro. 

Controle minucioso

“Se eu carrego X litros de calda na central, esse caminhão começa a andar e eu tenho que chegar na lavoura com esse volume. Depois, garantir que a entrada se deu num trator da Cofco e que vai se esvaziar em uma propriedade da Cofco. No fim do processo, a calda excedente precisa ainda voltar para a central e ter um descarte ambientalmente correto”, detalha Nicola. 

O que vai permitir esse controle são medidores de nível de tanque e fluxômetros controladores de vazão, além de um dispositivo da Wolk instalado conectado à internet que transmite as informações para a central da usina. A solução de internet das coisas (IoT) auxiliará no controle de preparo e distribuição de fertilizantes e defensivos, aumento da qualidade de aplicação, certificação digital de processos e controle da destinação final de resíduos. 

Nicola compara a complexidade do projeto ao que significa fazer um túnel na construção civil. “Apostar nesse projeto não é tentar duplicar uma pista na rodovia, é fazer um túnel. Se der certo, teremos que instalar sensores em cerca de 400 máquinas, que rodam entre as quatro usinas”, diz o gerente da Cofco.

Para a Wolk, além da implantação no campo, o projeto demanda adicionar um novo módulo na sua plataforma AG4, para atender tanto produtores de qualquer cultura quanto fabricantes de fertilizantes e químicos, que podem passar a ter o controle de nível dos tanques dos clientes, a fim de automatizar pedidos de compra e otimizar os tempos de entrega. O desenvolvimento é todo de responsabilidade da startup, que obteve um adiantamento no valor do contrato de prestação de serviços com a Cofco para custear a POC. A ideia é que quando a solução for escalada, o adiantamento vá se diluindo na mensalidade de prestação de serviços ao longo dos primeiros meses. 

Contatos

Maurício Moraes

Maurício Moraes

Sócio e líder do setor de Agronegócio, PwC Brasil

Dirceu Ferreira Junior

Dirceu Ferreira Junior

COO do PwC Agtech Innovation e sócio, PwC Brasil

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