Cargill investe em tecnologia para entrar no mercado de adoçantes à base de estévia no Brasil

Lançamento das marcas Truvia, EverSweet e ViaTech vem para atender a indústria e o consumidor final no país

Setembro 6, 2023

Laerte Moraes, Diretor-Geral de Food Solutions da Cargill na América do Sul: “Nossos adoçantes são obtidos a partir da planta estévia, tendo origem natural” (Foto: Cargill)

Por Marina Salles

Dentro do seu pilar de “Food Solutions”, a Cargill anuncia o lançamento no Brasil de uma nova categoria de produtos no seu portfólio: os adoçantes, que chegam com uma marca voltada ao B2C (Truvia) e outras duas desenhadas para o B2B (ViaTech e EverSweet). Laerte Moraes, diretor-geral de Food Solutions da Cargill na América do Sul, explica que os três adoçantes são obtidos a partir da planta estévia, tendo origem natural. “Nossos fornecedores são produtores chineses, de fazendas sustentáveis, e o processamento dos adoçantes se dá nos EUA”, diz. 

Segundo ele, o desejo do consumidor brasileiro de reduzir o consumo de açúcar foi o que motivou os lançamentos no país. Conforme a pesquisa Health Focus da Cargill, cerca de 60% dos consumidores latino-americanos entendem que os alimentos processados poderiam ser mais saudáveis se os açúcares fossem reduzidos em suas formulações. “O público consumidor de adoçantes naturais é aquele que quer reduzir o consumo de açúcar e vê essa opção como sendo mais saudável”, afirma Moraes. 

Nos EUA, a marca Truvia existe desde 2008, onde é líder de mercado – e, de lá para cá, já chegou a outros 14 países. Tanto Truvia como ViaTech e EverSweet podem ser usados em bolos, doces, bebidas, produtos lácteos, geleias, preparados de frutas, suplementos e aperitivos. No Brasil, a Cargill identificou que 96% da venda de adoçantes é destinada ao uso em bebidas. Deste percentual, 85% vai parar em preparações com café.

Além disso, em suas pesquisas com consumidores no Centro de Inovação de Campinas (SP), a Cargill entendeu que o consumidor brasileiro estava atrás de um bom rendimento do produto adoçante e do sabor sem aquele retrogosto e amargor comumente encontrados em adoçantes fabricados com estévia. 

Em termos de rendimento, a empresa informa no rótulo da embalagem de Truvia em pote, de 250 gramas, que ¾ de colher de chá do produto equivalem ao poder adoçante de 2 colheres de chá de açúcar. O Truvia é indicado para uso em sucos, chá, café, frutas e vitaminas, prometendo entregar doçura e zero calorias.  Além do pote, que visa substituir o açucareiro em cima da mesa, a Cargill também chega ao mercado com Truvia em gotas (60 ml); em pó (sachês de 1 g) e uma versão de uso culinário (Forno e Fogão 300 g).

Tecnologia embarcada

Para se diferenciar no mercado, a Cargill investiu alto em pesquisa. Mirismar Souza, Gerente de Ingredientes de adoçamento América do Sul, explica que apenas 18% da folha de estévia tem substâncias com propriedades doces, as chamadas moléculas de glicosídeos de estevióis. “Na folha de estévia, são cerca de 40 moléculas específicas, com concentrações variadas, que trazem o dulçor e que podem ser usadas em combinações diferentes. A molécula Reb M, por exemplo, está presente em uma concentração de menos de 1% na folha, o Reb A tem mais de 7% e, assim por diante. Por isso, cada adoçante do mercado, mesmo que seja à base de estévia, é tão diferente”, diz. 

No caso da Cargill, o mix de substâncias privilegiou o sabor, de acordo com Mariana Mendel, Gerente de Marketing de Food Solutions América do Sul. Daí a campanha voltada ao consumidor ter sido batizada “Revolução Doce”. “Na nossa campanha de marketing usamos imagens de frutas que só quando você corta percebe que não são frutas, são doces. Nosso adoçante segue a mesma linha. Parece açúcar, embora não seja”, diz.

No processo de fabricação, o adoçante EverSweet tem outro diferencial em termos de tecnologia. Diferente do ViaTech e Truvia, obtidos por meio da extração da planta estévia, método mais tradicional no mercado, ele é produzido por fermentação. A solução gera ganho de escala e reduz o custo produtivo, além de gerar benefícios ambientais. Obtido pelo processo de fermentação, o produto tem uma pegada de carbono 60% menor e redução de 70% de uso do solo em relação à estévia Reb M, opção disponível no mercado obtida por bioconversão, segundo a Cargill. 

A ideia, na indústria, é que o EverSweet permita substituições de até 100% do açúcar utilizado em preparos variados – como de bolachas, balas e iogurtes – sem deixar residual amargo. Já o ViaTech permite a substituição do açúcar em até 70% em receitas industriais. 

Outra oferta da Cargill, no caso do ViaTech e EverSweet, diz respeito à tecnologia de aplicação dos adoçantes nas fábricas. “Dependendo do equipamento, a aplicação do produto pode ser diferente. Prestamos serviço técnico para os nossos clientes para adequar a aplicação em cada processo”, diz Moraes. Os lançamentos como um todo reforçam a estratégia da Cargill de seguir diversificando seu portfólio de marcas já bastante conhecidas, como o óleo Liza, os molhos de tomate Pomarola e Elefante, dentre uma série de outros produtos.

Contatos

Maurício Moraes

Maurício Moraes

Sócio e líder do setor de Agronegócio, PwC Brasil

Dirceu Ferreira Junior

Dirceu Ferreira Junior

COO do PwC Agtech Innovation e sócio, PwC Brasil

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