O que está por trás de um bom planejamento estratégico de inovação?

Entenda o que precede a elaboração de um plano norteador do futuro das organizações, sejam elas startups ou grandes empresas

Junho 6, 2023

A trajetória de uma multinacional e startup na implantação de suas estratégias (Imagem: Canva)

Por Fernanda Cavalcante*

Não é novidade que as empresas precisam inovar para se manterem relevantes e competitivas no mercado. No entanto, diante da complexidade do mundo atual, com tantas informações, conhecimentos e novas tecnologias, é essencial que as empresas tenham uma estratégia de inovação bem estruturada para explorar o que realmente importa. As organizações com clareza do seu momento atual e de onde desejam ir no futuro já estão à frente das demais.

Com base no podcast “A busca pela fórmula mágica no planejamento estratégico de inovação”, que contou com a presença de André Fukugauti (Gerente de Inovação Aberta na Bayer) e André Coutinho (Diretor de Customer Success na Seedz), esse Inovapédia apresenta os pontos de atenção que as empresas e startups precisam considerar ao traçar e executar sua estratégia de inovação. Porque, muito embora não exista uma fórmula mágica, podemos nos inspirar em bons exemplos e atentar a alguns pré-requisitos que auxiliam na construção e adoção de um bom planejamento.

Confira, a relação de prioridades que antecedem a elaboração de um plano estratégico de inovação: 

Ter clareza dos objetivos da empresa: é importante ter objetivos claros e alinhados com o propósito da empresa, evitando investir em projetos que não estejam em conformidade com o que se almeja.

Engajar a alta liderança: a liderança é peça-chave nessa jornada, uma vez que os líderes são os responsáveis por engajar, comunicar e motivar o restante das equipes, trazendo clareza e ritmo para o time trilhar o caminho que a organização está seguindo.

Fomentar um ambiente propício à criação e colaboração: para estimular a inovação, é fundamental proporcionar um ambiente em que as pessoas se sintam motivadas a compartilhar novas ideias. Os colaboradores devem ter a confiança e a autonomia necessárias para desenvolver soluções inovadoras.

Revisar processos para dar agilidade ao negócio: é importante trazer mais agilidade e simplicidade para os processos de inovação, por meio de melhorias incrementais de digitalização e automação de processos, permitindo o foco na busca por novas ideias e soluções. 

Acompanhar os sinais de mercado: é necessário que a empresa esteja atenta aos sinais do mercado, buscando por mudanças nos hábitos de consumo, novas tecnologias, sendo elas incrementais ou disruptivas, e que pesquise com os clientes as principais dores e necessidades.

Estratégia de inovação da Bayer

Com base nos desafios e oportunidades do mercado atual, a Bayer estabeleceu três pilares que orientam o futuro da companhia: inovação, transformação digital e sustentabilidade. Esses tópicos servem como um guia para a tomada de decisão na realização de novos projetos. 

O primeiro pilar, inovação, visa garantir que Bayer continue aprimorando e desenvolvendo novos produtos e serviços e invista em projetos inovadores. O segundo pilar, transformação digital, busca uma mudança cultural interna e externa com a adoção do digital, trazendo novos modelos de negócio escaláveis. O terceiro pilar, sustentabilidade, define que os projetos devem trazer benefícios tanto para o ecossistema quanto para o negócio.

Além desses pilares, a Bayer estabeleceu metas claras a serem alcançadas até 2030, servindo como indicador de que estão seguindo na direção certa. Para alcançar esses objetivos, a empresa traçou dois caminhos que podem ser percorridos simultaneamente, tendo clareza que sua estratégia consiste em “transformar o futuro da agricultura”, mas primeiro performando, ou seja, garantindo que o portfólio da Bayer se mantenha relevante no mercado, explica André Fukugauti no podcast.

Com a ação de “performar”, segundo ele, a Bayer busca aprimorar e investir em tecnologias que aumentem a produtividade de forma sustentável. A meta em torno desse tópico é garantir que a empresa continue crescendo de forma eficiente e responsável — etapa fundamental, pois incentiva a melhoria contínua do negócio.

Já a segunda etapa é a de “transformar”, na qual a empresa busca impulsionar e conectar suas vendas a elementos digitais e também desenvolver novos negócios. A Bayer tem duas metas que sinalizam se eles estão percorrendo o caminho certo neste sentido. A primeira é ter 100% das vendas impulsionadas ou conectadas a elementos digitais e, a segunda, ter 30% das vendas relacionadas a novos modelos de negócio até 2030. Esse caminho é importante para garantir que a empresa esteja alinhada com as tendências do mercado, mantendo-se competitiva no longo prazo.

Como a Bayer tem executado sua estratégia de inovação

Para colocar em prática essa abordagem mais digital no campo, a Bayer incorporou ao seu portfólio a startup Climate FieldView, advinda de uma aquisição da Monsanto em 2013. Com a essa tecnologia, a empresa introduziu um serviço digital na rotina dos produtores, incentivando o aculturamento nesse novo ambiente. 

Com o tempo, a estratégia abriu espaço para novos modelos de negócio, como a iniciativa Valora, programa hoje realizado com produtores de milho que utilizam a tecnologia FieldView em todo o ciclo de produção. Os dados coletados ao longo da safra são utilizados no programa para gerar recomendações personalizadas para o plantio adensado do cereal, visando o aumento de produtividade. Caso o produtor não atinja a produtividade esperada, a empresa oferece a garantia de devolução do valor das sementes investidas a mais.

Estratégia de inovação da Seedz

Envolta desde a fundação no cenário de transformações aceleradas próprio de uma startup, a Seedz vem construindo sua cultura com um novo mindset organizacional, que coloca o cliente no centro de seus projetos com a habilidade e agilidade de entender problemas e propor soluções. 

O grande objetivo da startup é “ter uma visão holística da cadeia do agronegócio e gerar valor para todos os elos envolvidos”, diz Andre Coutinho. A Seedz foi criada para solucionar a dor de comunicação e aproximação entre os elos da cadeia do agronegócio, e busca sanar esse desafio por meio da digitalização. Para isso, a agtech tem executado uma série de movimentos estratégicos que visam agregar valor para toda a cadeia. 

Como a Seedz tem executado sua estratégia de inovação

A startup deu importantes passos para consolidar sua posição no mercado. Inicialmente, ela criou um programa de fidelidade que integra produtores, indústrias e distribuidores, premiando os clientes por meio das compras realizadas na plataforma. Com o crescimento e a presença de grandes empresas do setor, a Seedz avançou para oferecer uma experiência completa aos produtores rurais. 

Em 2021, adquiriu a Atomic Agro e, em 2022, a Perfarm, empresas que contam, respectivamente, com uma tecnologia de planejamento de safra e gestão da fazenda com análises produtivas e financeiras. O mais recente passo dado pela startup foi a aquisição da Gaivota, empresa especializada em inteligência geoespacial e com um software de monitoramento socioambiental. Com a união, as empresas irão combinar, de um lado, a inteligência transacional da Seedz e, de outro, a inteligência geoespacial, da Gaivota. 

*Com edição de Marina Salles

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Maurício Moraes

Maurício Moraes

Sócio e líder do setor de Agronegócio, PwC Brasil

Dirceu Ferreira Junior

Dirceu Ferreira Junior

COO do PwC Agtech Innovation e sócio, PwC Brasil

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