Tarken pivota e passa a atender mercado de crédito no agro posicionada como agfintech

Nova proposta da startup é fazer uso de tecnologia para avaliar o risco financeiro e ambiental da carteira de clientes das revendas agrícolas

Abril 25, 2023

Luiz Tangari, da Tarken: “Nosso papel é domar o ciclo de crédito das revendas e ter um plano para melhorar a qualidade dos recebíveis” (Foto: Tarken)

Por Marina Salles

Mudar a estratégia de negócios é algo tão comum no mundo das startups que existe até um verbo para definir a troca de rota: pivotar. E foi pivotando que a Tarken migrou do mercado de marketplace de grãos para o de crédito, onde passa a atuar como uma agfintech. Em apenas seis meses, a startup já conquistou 70 revendas clientes, que giram em torno de R$ 300 milhões por ano com a venda de insumos. 

Luiz Tangari, CEO da Tarken, afirma que com o novo posicionamento o número de operações de trading que passam pela empresa até aumentou, justamente porque no Brasil a venda de grãos acontece, em muitos casos, atrelada à operação de compra de insumos. “Quando o produtor vai na trading travar o grão? Quando ele precisa da CPR [Cédula de Produto Rural] para poder dar como garantia do financiamento da compra de insumos. Então, para você ter controle do momento que o produtor vai ‘tradar’, você tem que ter controle do momento em que ele precisa de crédito”, diz. 

No mercado de crédito, a startup se insere como prestadora de serviços de tecnologia para análise do risco das revendas, uma vez que elas financiam indiretamente boa parte da produção brasileira. “O que a Tarken faz agora é ajudar as revendas a terem uma carteira de crédito mais saudável, com análise de risco financeiro e ambiental dos produtores, para que possam vender mais e melhor num cenário desafiador”, afirma. 

O mercado de insumos, segundo Tangari, tem sido afetado pelo crescimento dos estoques de produtos e pela alta inflação somada ao achatamento das margens. Sem o devido controle financeiro, esse tipo de situação agrava endividamentos e torna os negócios mais instáveis em caso de aumento da inadimplência. “O mercado está em transformação, e subestimar o risco da carteira pode ser fatal. Nosso papel é domar o ciclo de crédito das revendas e ter um plano para melhorar a qualidade dos recebíveis, de modo a que sejam mais palatáveis também para o mercado financeiro”, diz. 

Por meio de uma consultoria personalizada e análises de dados usando inteligência artificial, a Tarken se propõe a traçar uma radiografia da carteira de clientes das revendas e atrair a parceria de bancos e do mercado de capitais para melhorar as condições de empréstimo para financiamento da safra.

“Nós não olhamos só uma parte da operação do cliente, vamos desde o planejamento de risco e oferta de rating inteligente até o monitoramento da carteira de recebíveis. Nós somos uma empresa de software, não um banco, mas vamos oferecer produtos financeiros de parceiros para ajudar a equalizar o fluxo de caixa da distribuição”, explica o empreendedor. 

Soluções digitais de ponta a ponta

No portfólio, a Tarken já tem seis módulos de software que podem ser contratados de forma independente. Hoje, os mais procurados são: o Inspector (de diagnóstico geral da saúde financeira dos clientes mediante consulta a CPF ou CNPJ) e o de Rating (que atribui uma nota aos clientes para aprovação automática de limite de crédito). 

Tangari entende que o Inspector se tornou um carro-chefe de entrada porque avalia muito rapidamente uma série de fatores, como riscos agrícolas, perfil produtivo, capacidade de geração de caixa e envolvimento em processos judiciais, principalmente de novos clientes. Enquanto o módulo de Rating tem sido muito acessado para qualificar quem já está na base da revenda e tem um histórico com ela, podendo ganhar um score calculado a partir de parâmetros pré-estabelecidos internamente e de informações de mercado de cada região. 

“Hoje uma revenda que tem 45 fatores de risco para analisar não consegue olhar um a um e tirar uma conclusão. O sistema de rating serve para otimizar isso, e tem a vantagem de ir aprendendo ao longo do tempo, conforme vai sendo abastecido com mais dados”, diz Tangari. 

O módulo ESG (que emite certidões e faz a checagem automática de listas de restrições, seja de embargos, débitos ou desmatamento) também tem sido bastante requisitado, assim como o módulo Monitor (que estima o risco de inadimplência do cliente e emite alertas semanais quando os casos se agravam). 

Além deles, a Tarken tem outros dois módulos: o Workflow (que integra o fluxo de trabalho, que vai do preenchimento da ficha cadastral pelo produtor até a aprovação e recebimento do crédito) e Radar (de busca de oportunidades, em clientes atuais e novos).

Com essa oferta, a expectativa da startup é continuar dando insumo para seus clientes operarem sem sustos. “As revendas sabem melhor do que ninguém quem é o bom produtor e a gente vem somar a isso a análise financeira e ambiental, para garantir um crescimento sustentável”, diz. 

Contatos

Maurício Moraes

Maurício Moraes

Sócio e líder do setor de Agronegócio, PwC Brasil

Dirceu Ferreira Junior

Dirceu Ferreira Junior

COO do PwC Agtech Innovation e sócio, PwC Brasil

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