Janeiro 8, 2024
Nas caixas centrais, as folhas receberam tratamento de 15ml a 30ml de fungicida por hectare com tecnologia Revella. Nas extremidades, folhas sem tratamento (Foto: Revella)
Por Marina Salles
Nano biotech focada em pesquisa, desenvolvimento e inovação para o agronegócio, a Revella opera no mercado B2B fornecendo produtos à base de bioativos e nutrientes estruturados para serem incorporados a insumos agrícolas, como fertilizantes, adjuvantes, tratamentos de sementes e até mesmo rações.
Com esse foco, a empresa (que não abre o faturamento) cresceu na casa de três dígitos em 2023 ante 2022, e tem diversificado o portfólio, atendendo tanto as indústrias do setor agrícola quanto de produção animal. Gabriel Nunes, co-fundador da Revella, conta que os produtos para agricultura representam cerca de 90% das vendas da startup, cuja aposta inicial foi em soluções foliares e, na sequência, em tecnologias para tratar sementes e solos.
Entre as vantagens que a nanotecnologia proporciona para a agricultura, Nunes destaca: a possibilidade (1) de reduzir dosagens de produtos aumentando a eficiência de absorção das plantas e (2) de compatibilizar o uso de substâncias químicas com produtos biológicos, de olho na sustentabilidade dos cultivos.
“Quando a planta tem que quebrar moléculas gigantes, ela tem um gasto de energia que poderia estar sendo direcionado para absorção de determinado nutriente pela raiz. Formulando na nanoescala, você evita esse gasto de energia e o sistema funciona de forma mais eficiente”, afirma. Do ponto de vista logístico, doses menores também geram um benefício logístico, graças à redução no custo com embalagens e transporte de produtos.
No tópico da compatibilidade com produtos biológicos, a nanotecnologia tem mostrado, também segundo Nunes, resultados promissores.“Ainda tem muito produtor com medo de fazer composição de biológico com químico e ter perda de eficiência. Os nano químicos, por conta da quantidade de produto aplicado, estão potencializando os biológicos”, afirma.
No caso de tratamentos de sementes, por exemplo, a Revella trabalha com o Seed Arbo, que permite o uso conjunto com biológicos e fungicidas e produz efeitos positivos para aumento de vigor, de comprimento de raiz e de absorção de água e nutrientes. Em aditivos foliares, o Arbo AQ- 010 é uma opção passível de ser associada a produtos biológicos e ter efeito sinérgico, de acordo com a biotech.
Versátil, a Revella atende múltiplos casos de uso em 16 culturas agrícolas, que vão desde soja e milho a morango e hortaliças. No cliente Sphaira, cápsulas de óleos essenciais têm sido inseridas em formulações para obter efeito desalojante e repelente de insetos, como pulgões, mosca branca, cigarrinha do milho e psilídeo. Ao passo que na empresa Biosul uma nanopartícula da Revella está potencializando o resultado de fungicidas que combatem a ferrugem asiática e a mancha amarela do trigo. Em HF, a mesma nanopartícula também tem ajudado no pegamento de flores.
No segmento animal, uma das soluções da Revella é de encapsulamento de probióticos adicionados à ração. “Com o nosso produto, a carga real de bactérias benéficas chega até o intestino dos animais sem se perder nas etapas iniciais do processo de fabricação”, explica.
Outras soluções no mercado de animais de produção atendem, por exemplo, à necessidade de otimizar o processo de identificação da Salmonella spp por meio do uso de nanopartículas de ouro, enquanto micro partículas de cobre e zinco dão conta de aumentar a segurança de instalações agropecuárias intensivas, ajudando na redução da incidência de doenças.
As soluções nanotecnológicas da startup estão embutidas em formulações diversas, de uso agrícola e pecuário, de mais de 30 empresas do mercado –- clientes da Revella que têm total liberdade para estampar, ou não, nas suas embalagens o selo da biotech. “Fica a critério de cada cliente contar ou não o seu ‘segredo’ industrial, e do nosso lado isso faz sentido porque escolhemos atender somente o B2B para poder focar em novos desenvolvimentos tecnológicos”, diz.
Vindo da escala de 1 produto comercial em 2021 para 11 produtos em 2023, Nunes conta que a meta para 2024 é chegar a 15 soluções no pipeline, disponíveis para grandes e médias agroindústrias incorporarem às suas formulações.