Fundada em 1970 por um grupo de 79 agricultores da região de Campo Mourão (PR), a Coamo hoje se destaca como a maior cooperativa agrícola da América Latina. Atualmente, opera em 115 unidades distribuídas em 75 municípios dos estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Com faturamento anual da casa de R$ 30 bilhões, de acordo com o balanço de 2023, atende mais de 31 mil cooperados.
Lorinelson Baesso, Coordenador de Inovação e Inteligência Artificial, conta que a cooperativa busca soluções para os desafios do campo desde sua fundação e que, em 2021, deu início a uma jornada que busca fortalecer a inovação estratégica.
“Nossa diretoria se preocupava que pudessem surgir ilhas de inovação na cooperativa e, para garantir a visão do todo, a Coamo decidiu investir em estabelecer objetivos de inovação centrais e uma estrutura de governança e gestão unificada”, diz Baesso.
Recentemente, o pilar de inovação dentro da cooperativa passou a ser organizado em três frentes: uma área de Gestão da Inovação (que centraliza e acompanha as iniciativas em curso), uma vertente de Inovação Tecnológica Agropecuária (que vai em busca de soluções tecnológicas para atender os cooperados) e uma frente de Aplicação de Inteligência Artificial (dada a relevância que a IA tem para a cooperativa).
No tema de IA, a Coamo assumiu a vanguarda, firmando parceria com universidades e institutos de pesquisa e tecnologia, que cooperam com seu time interno de cientistas de dados. Na frente de Inovação Tecnológica Agropecuária, o PwC Agtech Innovation passou a atuar ao lado da Coamo em 2021. E foi no final de 2023 que a frente de Gestão da Inovação ganhou o reforço do hub por meio da Assessoria Habilitar.
Fazer inovação aberta, em rede, colaborativa – trocando experiências e aprendizados com diversos stakeholders do ecossistema, como startups, empresas, produtores rurais, Academia, investidores, instituições de pesquisa, entre outros – é uma tarefa que demanda preparo. Preparo para sintonizar as demandas internas com soluções oferecidas por parceiros externos, ao mesmo tempo em que se gerencia o conhecimento de forma eficaz. “Nosso objetivo é monitorar todo o ciclo de vida dos projetos de inovação, incluindo análises detalhadas de desempenho e resultados”, afirma Silvana Santos, Supervisora de Inovação na Coamo.
Ao longo do ano de 2024, a Coamo tem percorrido uma jornada com o PwC Agtech Innovation que será concluída após seis grandes fases. Na primeira, de diagnóstico da inovação, cerca de 2.100 colaboradores da Coamo e Credicoamo (dos níveis operacional, tático e da alta liderança) responderam a um questionário. Outros 50 colaboradores participaram de entrevistas qualitativas. As informações coletadas nessas interações deram insumos para estabelecer os objetivos de inovação que nortearão o planejamento da cooperativa.
Assim como os questionários e entrevistas, uma imersão de três dias em Campo Mourão, sede da Coamo no Paraná, foi essencial para aprofundar os objetivos e engajar as lideranças com o tema da inovação.
“Essa etapa de sensibilização da nossa liderança foi muito positiva para mostrar a importância da gestão da inovação e as responsabilidades dos colaboradores que atuam nessa frente”, conta Baesso. Depois da imersão, foram definidos os objetivos de inovação, que giram em torno dos eixos de governança, capacitação, oferta de tecnologia para os produtores e busca de soluções para desafios internos.
Encontro de lideranças da Coamo e Credicoamo, em Campo Mourão (PR)
O foco da imersão foi o aprofundamento de conceitos de arquitetura de inovação (governança, gestão e cultura) e a definição dos objetivos de inovação.
Depois disso, a cooperativa se dedicou a mapear os veículos de inovação mais adequados ao seu contexto em conjunto com o hub – tomando a decisão de privilegiar trilhas de capacitação num primeiro momento. “Nosso time é diverso, temos funcionários que trabalham na ponta e não têm acesso ao meio digital, mas também temos profissionais que desenvolvem tecnologia, e precisamos capacitar todos e mostrar que a inovação é para todo mundo”, afirma Silvana.
Allan Patrick, Gestor de Comunidade no PwC Agtech Innovation, fala sobre a importância de começar pequeno e testar antes de escalar. “A Coamo decidiu avançar com um piloto, entendendo que não teria como capacitar e validar a esteira de inovação com seu time de 10 mil colaboradores de uma vez. Foi uma decisão muito bem informada e que nos ajuda a fazer ajustes de rota de maneira flexível”, diz.
Na etapa de revisão da esteira de inovação da Coamo e Credicoamo, o time PwC Agtech Innovation interagiu com mais de 10 áreas de suporte da cooperativa para mapear os processos estabelecidos e identificar possíveis melhorias. “Trazer as áreas para perto desde o início e estimular sua participação ativa foi essencial para conquista da confiança e envolvimento de que tanto precisamos para ter sucesso”, diz Baesso.
Após um ano de trabalho, que deve culminar no plano de implementação dos objetivos de inovação da cooperativa, a certeza do líder do movimento em curso é uma só: “O espírito de uma cooperativa é de colaboração e isso torna a jornada de inovação mais simples do que em outros tipos de empresa. Trabalhando juntos, temos conseguido avançar de forma consistente e nossa busca, agora, é por colher resultados mensuráveis”.
Desde a fundação do PwC Agtech Innovation, em 2017, o hub foi palco do nascimento e desenvolvimento de uma série de iniciativas inovadoras. No report completo, o leitor é apresentado a cinco cases envolvendo players da comunidade e do ecossistema como um todo.
Case Programa Soja Sustentável do Cerrado (PSSC): A sustentabilidade como motor da inovação
Um case de inovação aberta da bioeconomia: a Bio2me e os produtores de soja do Cerrado
LandPrint e Bioflore: Construção do relacionamento entre startups
Coamo: Inovando desde as origens
Cerradinho Bioenergia: Eficiência operacional em foco