Case LandPrint e Bioflore: Construção do relacionamento entre startups

O relatório da pesquisa "Termômetro da Inovação Aberta no Agro" apresenta cases de negócios que nasceram no PwC Agtech Innovation 

Foi por meio do Programa Soja Sustentável do Cerrado (PSSC) que as startups Adapta e Bioflore se aproximaram e desenvolveram uma parceria de sucesso. O PSSC é uma iniciativa que apoia soluções inovadoras para cultivo sustentável de soja, realizada em colaboração entre o PwC Agtech Innovation e o Land Innovation Fund (LIF), com apoio estratégico da Embrapii, CPDQ, Embrapa e Cargill 

A Adapta – que presta apoio técnico a agricultores na implementação de práticas regenerativas – participou do 3° ciclo do programa, com a proposta de acompanhar, planejar e financiar projetos de produção agrícola sustentável. Já a Bioflore – que desenvolve soluções tecnológicas avançadas para monitorar o carbono e a biodiversidade em áreas de conservação – foi aprovada no 4° ciclo do PSSC. Seu objetivo é criar um sistema ágil e preciso de monitoramento remoto do estoque de carbono e das espécies arbóreas de áreas rurais, por meio de sensoriamento remoto e inteligência artificial em sua plataforma digital. 

E não demorou até que as duas startups encontrassem sinergias e decidissem unir forças. O incentivo para participação da Bioflore no Programa Soja Sustentável do Cerrado veio inclusive do CEO da LandPrint, spin-off da Adapta. “O Daniele Cesano, CEO da Landprint, conhecia nossa tecnologia e viu fit com o PSSC. Mais tarde, fomos entender que a Bioflore poderia somar à Landprint”, diz Heitor Filpi, CEO da Bioflore. 

A LandPrint nasceu dentro do PSSC para trazer a transparência que o processo de monitoramento de impacto ambiental demanda e evitar o risco de conflito de interesse que a incorporação desta solução geraria ao portfólio da Adapta, cuja atuação é focada na assistência técnica e depende de dados e análises especializadas e independentes. 

Atualmente, a Landprint atende a três públicos:

- Instituições financeiras que usam os dados fornecidos pela startup para verificar ativos ambientais associados a operações e títulos verdes;

- Corporações interessadas no alinhamento com metas ESG; e

- Produtores rurais, que usam a plataforma para identificar melhorias necessárias a uma agricultura mais sustentável e compreender os requisitos para gerar créditos de biodiversidade e carbono à medida que conquistam novos avanços. 

Para desenvolver uma solução sistêmica de agricultura regenerativa composta por três plataformas integradas – técnica, financeira e digital – a LandPrint teve o suporte tecnológico da Bioflore para dados de carbono e biodiversidade. E contou também aporte financeiro da Cargill para realizar testes-piloto em propriedades do bioma Cerrado no Maranhão. 

A Bioflore é a única startup participante do PSSC que recebeu por duas vezes incentivo financeiro do Startup Finance Facility (SFF), totalizando mais de R$ 200 mil. O primeiro aporte foi destinado ao desenvolvimento da sua plataforma digital, o que depois auxiliou no projeto com a Landprint. Já o segundo acaba de ser negociado e será direcionado à iniciativa própria de  sensoriamento remoto para controle de diversidade florística em diferentes cenários de uso do solo no país, em escala temporal e automatizada.

Desenvolvimento tecnológico 

A Bioflore desenvolve ferramentas digitais para planejar, monitorar e gerir projetos de regularização ambiental e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas no Brasil. Por meio de uma plataforma customizável que pode atender a diferentes demandas, a empresa busca dar transparência e garantir a llpintegridade dos dados relacionados à floresta para que seja possível atribuir valor aos ativos ambientais. “Nossa missão é transformar a floresta em dados e transformar esses dados em valor para quem preserva a natureza”, resume Filpi. 

Para isso, a startup faz uso de inteligência artificial e integra dados de inventário florestal com imagens de satélite, sensores e drones, oferecendo uma visão completa dos ativos da floresta sem a necessidade de visitas às áreas. “Permitimos que nossos clientes substituam as planilhas e fotos aéreas da floresta pela visão 3D das áreas, um ortomosaico com as espécies destacadas. É um novo jeito de identificar e fazer o reporte dos ativos florestais”, diz. 

Além de clientes com demandas associadas à agricultura regenerativa, como é o caso da Landprint, a Bioflore também atende empresas da bioeconomia, do mercado de carbono e de auditoria e certificação. O desenvolvimento tecnológico para a LandPrint contou com um contrato de exclusividade para criar uma plataforma digital customizada, que mede o impacto ambiental de práticas regenerativas usando inteligência artificial e sensoriamento remoto, para avaliação de investimentos com impacto ambiental positivo. 

O sistema tem a capacidade de integrar e analisar grande quantidade de dados dos ativos ambientais. Hoje, a startup avalia 32 indicadores, sendo quatro deles fornecidos remotamente pela Bioflore. Os indicadores abrangem desde o sequestro de carbono e a saúde do solo até gestão hídrica, biodiversidade, práticas regenerativas e resiliência da produção. “No futuro, vamos incluir também indicadores de impacto social”, acrescenta Filpi, já pensando na demanda europeia da dupla materialidade, que compreende a esfera interna e externa dos impactos gerados. 

“A parceria entre as startups permitiu que a LandPrint operasse de forma sólida, rastreável, transparente e escalável, aproveitando a expertise da Bioflore no âmbito de mensuração de parâmetros florestais, com o conhecimento profundo que o time da LandPrint tem sobre o tema de agricultura regenerativa e sustentável”, afirma Cesano.  

Projeto multistakeholder 

No contexto do Programa Soja Sustentável do Cerrado, a Bioflore e Landprint realizaram juntas uma prova de conceito (PoC) no Estado do Maranhão, contratada pela Cargill e apoiada pelo LIF. A PoC foi desenvolvida para monitorar o carbono, mapear a biodiversidade, avaliar a conservação das áreas e os registros de desmatamento e incêndios de áreas rurais, além de identificar espécies que pudessem contribuir para a renda de comunidades locais. Foram analisados mais de 5 mil hectares distribuídos por quatro diferentes propriedades. 

Como resultado, as startups conseguiram testar e comprovar a eficiência da plataforma LandPrint, entendendo o valor que a tecnologia entrega para diferentes elos da cadeia, incluindo produtores de soja. A Bioflore, por sua vez, ganhou mais visibilidade com o Floreviewer – software proprietário que utiliza IA e dados de drones para monitorar o carbono e a diversidade de espécies arbóreas em vários ecossistemas. 

Filpi destaca que a parceria entre as startups foi benéfica para ambos os lados, pois permitiu captar mais recursos para contratar profissionais qualificados em áreas técnicas como sensoriamento remoto, inteligência artificial e engenharia de software. E a expectativa é que essa aproximação se amplie ainda mais.  

No projeto do PSSC, a Bioflore usou o software Floreviewer para monitorar o carbono e a diversidade de espécies arbóreas de fazendas no Maranhão. A LandPrint, por sua vez, ficou responsável pela qualificação dos ativos ambientais, análise financeira do processo de transição dos produtores, identificação dos desafios técnicos que limitam a evolução para uma agricultura sustentável e suporte na identificação de novas oportunidades de investimentos. “A LandPrint oferece algo complementar ao que entregamos na Bioflore, o que impulsiona o crescimento mútuo”, conta.

Termômetro da inovação aberta no agro

Desde a fundação do PwC Agtech Innovation, em 2017, o hub foi palco do nascimento e desenvolvimento de uma série de iniciativas inovadoras. No report completo, o leitor é apresentado a cinco cases envolvendo players da comunidade e do ecossistema como um todo.

  • LandPrint e Bioflore: Construção do relacionamento entre startups

  • Cerradinho Bioenergia: Eficiência operacional em foco 

Termômetro da inovação aberta no agro

Baixe o report completo

Contatos

Dirceu Ferreira Junior

Dirceu Ferreira Junior

COO do PwC Agtech Innovation e sócio, PwC Brasil

Siga-nos