Fazenda Conforto: três décadas acelerando a pecuária sustentável

Com gestão baseada em dados, foco em pessoas e práticas sustentáveis, a Fazenda Conforto se destaca como referência na pecuária brasileira

Maio 27, 2025

Da esq. para a dir. Fábio Pereira (PwC Brasil)., Nathalia Lopes (PwC Agtech Innovation) e o produtor rural Sérgio Pellizzer (Foto: PwC Agtech Innovation)

*Por Fernanda Cavalcante e Barbara Lemes

Diante do aumento global na demanda por alimentos, cresce também a atenção sobre como eles são produzidos. Sustentabilidade, bem-estar animal e rastreabilidade estão no centro das discussões — e, quando se trata de proteína animal, o Brasil tem se destacado com alternativas mais responsáveis.

Em Nova Crixás (GO), a Fazenda Conforto é um exemplo dessa evolução. Fundada em 1996 por Alexandre Funari Negrão, o Xandy Negrão — empresário e ex-piloto de Stock Car — a propriedade nasceu com foco na recria e engorda de bois. Em 2006, deu um salto ao implementar um sistema avançado de confinamento, tornando-se a maior do Brasil fora dos grandes frigoríficos. Em 2020, atingiu um marco expressivo: a entrega de um milhão de bois para abate.

Atualmente, em uma área de 12 mil hectares, a fazenda realiza o abate de cerca de 170 mil cabeças de gado por ano e mantém uma recria com aproximadamente 35 mil animais. Ao longo de quase três décadas, a operação tem evoluído continuamente, com foco em boas práticas de manejo, eficiência produtiva e sustentabilidade.

Esses e outros detalhes foram compartilhados por Sérgio Pellizzer, CEO da Fazenda Conforto, no segundo episódio da série Produtor no Centro, conduzido por Nathalia Lopes do PwC Agtech Innovation e Fábio Pereira, da PwC Brasil.

Gestão com visão de futuro

Há cinco anos, Pellizzer — genro do fundador — passou a integrar a gestão da fazenda, trazendo uma nova perspectiva ao unir sua bagagem em administração, comunicação e tecnologia. “Consegui trazer um outro olhar para uma estrutura onde as pessoas estão muito acostumadas a produzir. Quando conseguimos unir produção, gestão econômica e, principalmente, o entendimento das pessoas, o resultado é muito mais completo”, afirma.

Essa visão integrada se tornou ainda mais relevante quando ele assumiu oficialmente a liderança da operação, em 2023. Naquele momento, o agronegócio enfrentava um cenário de instabilidade, especialmente na pecuária. Mesmo diante das incertezas, a fazenda optou por acelerar. Iniciou um ciclo robusto de investimentos que incluiu a ampliação de áreas, construção de novos confinamentos e silos, além da implementação de sistemas de tratamento de água para os animais.

“Nos perguntamos: o que é preciso para dobrar a produção? E fomos atrás disso. Todos os investimentos foram feitos com um objetivo claro — continuar crescendo com base no legado construído pelo Xandy”, destaca o pecuarista.

Tecnologia e sustentabilidade como estratégia

Para tomar decisões rápidas em um mercado volátil, é preciso ter dados. Pellizzer compara a gestão da fazenda à escalação de um time de futebol: “Quando o mercado muda — a arroba cai, a soja sobe — eu consigo olhar para o campo e decidir o que produzir. Gado ou grãos? Com base nos dados, inclusive climáticos, escolhemos o que trará maior retorno.”

Essa inteligência só é possível graças ao que Pellizzer chama de “campo fértil” — tanto no sentido literal quanto estrutural. Um dos pilares dessa estratégia é o investimento em solo cimento, que proporciona bem-estar animal, melhora o ganho de peso e permite a coleta de esterco puro, sem mistura com terra. Esse material é transformado em biofertilizante e devolvido ao solo, fechando um ciclo sustentável. “O nível de qualidade do solo, que há 16 anos é enriquecido com esse adubo, é impressionante”, comenta o produtor rural.

A tecnologia também está presente em todas as etapas da operação: da leitura do coxo do gado feita quatro vezes ao dia até sensores que medem o tamanho do capim e calculam quantos animais cabem em cada área. “A fazenda hoje é vista como um grande laboratório, aberto a inovações e tecnologias que ajudam a gerenciar dados e otimizar resultados”, destaca Pellizzer.  

Pessoas no centro da transformação

Para que toda essa engrenagem funcione, é preciso investir em pessoas. Logo no primeiro ano trabalhando na fazenda, Pellizzer percebeu a necessidade de fortalecer o time. A contratação de uma equipe de RH mais robusta foi o primeiro passo.

Esse time passou a atuar com foco no desenvolvimento dos colaboradores, traçando planos de carreira, avaliações de desempenho e estratégias de capacitação. Todo esse processo foi conduzido com transparência, o que fortaleceu a comunicação interna e fez com que os funcionários se sentissem parte do negócio.

Hoje, a Fazenda Conforto é dividida em 14 verticais de negócio. Um estudo foi conduzido para entender o melhor formato de capacitação para cada setor. “A gente entendeu que, para crescer, precisava cuidar das pessoas. E isso se tornou parte do nosso DNA,”, diz Pellizzer.

Ouça o Podcast completo

Para conhecer mais sobre o trabalho desenvolvido pela “Fazenda Mais Sustentável do Brasil”, e como é feita a conexão entre tecnologia, sustentabilidade e pecuária de corte, na Fazenda Conforto, ouça agora o segundo episódio da série “O Produtor no Centro”, disponível no canal do Youtube do Pwc Agtech Innovation e no Spotify.

 

Contatos

Maurício Moraes

Maurício Moraes

Sócio e líder do setor de Agronegócio, PwC Brasil

Dirceu Ferreira Junior

Dirceu Ferreira Junior

COO do PwC Agtech Innovation e sócio, PwC Brasil

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