O estado da tecnologia climática 2021

Avanços ganham escala para viabilizar a transição para o Net Zero

O maior desafio de inovação que a humanidade já enfrentou, sem dúvida, está diante de nós: o mundo tem dez anos para reduzir pela metade as emissões globais de gases de efeito estufa e conseguir zerar as emissões líquidas até 20501. No relatório The State of Climate Tech 2020 mostramos como soluções de tecnologia climática vitais para viabilizar essa transformação vêm atraindo o interesse crescente dos investidores. 

Em nosso estudo2, analisamos como os investidores estão gerando impacto climático e retornos comerciais com essa categoria de ativos emergentes, ajudando a manter a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a menos de 1,5 grau Celsius3.

Um ano agitado no clima sinalizando a urgência de se trabalhar pela recuperação verde

O ano passado assistiu a uma transformação no panorama do capital de risco. Novos tipos de capital e mecanismos de financiamento levaram aos mercados privados novos e grandes fluxos de investimento. Além disso, o capital acumulado e não alocado em 2019-20 ajudou na recuperação dos negócios em 2021.

Em relação aos investimentos em tecnologia climática, a situação não é diferente. O cenário reflete os anseios de uma sociedade que sente cada vez mais os impactos das mudanças climáticas. O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), publicado em agosto de 2021, reforçou os apelos por uma ação drástica. A COP26 ecoou esse anseio com o anúncio4 da iniciativa Glasgow Breakthroughs, que estabelece um plano para países e empresas trabalharem em conjunto visando acelerar a adoção de tecnologia limpa a preços acessíveis em todo o mundo. 

O foco acentuado em iniciativas ESG nos mercados privados em conjunto com regulamentações emergentes, como o Regulamento para Divulgação de Finanças Sustentáveis da União Europeia, estão impulsionando o crescimento e levando muitas empresas e investidores a alterar suas estratégias. Milhares de empresas se comprometeram publicamente a zerar as emissões líquidas, estabeleceram metas baseadas na ciência ou buscaram demonstrar compromissos mais amplos com a sociedade por meio da certificação Empresa B (B Corp, em inglês). Além disso, megafundos multibilionários vão sendo direcionados cada vez mais para a tecnologia climática.


Investimento em tecnologia climática

Emma Cox, Líder Global de Clima na PwC do Reino Unido, explora as soluções inovadoras necessárias para descarbonizar a economia global.

Veja a transcrição

O crescente impacto da tecnologia climática: tendências em 2021

O investimento em tecnologia climática mostrou forte crescimento como uma categoria emergente de ativos. No total, foram investidos US$ 87,5 bilhões ao longo do segundo semestre de 2020 e do primeiro semestre de 2021. No último período, foram registrados níveis recordes de investimento – US$ 60 bilhões. Isso representa um aumento de 210% em relação aos US$ 28,4 bilhões investidos nos 12 meses anteriores. A tecnologia climática responde agora por 14 centavos de cada dólar de capital de risco.

O tamanho médio dos negócios quase quadruplicou no primeiro semestre de 2021 em relação ao ano anterior, aumentando de US$ 27 milhões para US$ 96 milhões. As megatransações estão se tornando cada vez mais comuns e impulsionam grande parte da recente ampliação dos investimentos em financiamento de tecnologia climática. 

O financiamento inovador continua sendo fundamental para o crescimento da tecnologia climática. Nos últimos 18 meses, empresas de propósito específico de aquisição (SPACs, na sigla em inglês) foram testadas como uma nova ferramenta de financiamento. Essa nova forma de levantar fundos é responsável por impulsionar grande parte do crescimento da tecnologia climática. No segundo semestre de 2020 e no primeiro semestre de 2021, foram arrecadados, com essa abordagem, US$ 28 bilhões, o equivalente a um terço de todo o financiamento.

Mobilidade e transporte continua ser a área que recebe maior investimento entre as chamadas áreas desafiadoras para descarbonizar a economia global. Esse segmento levantou US$ 58 bilhões, o que representa dois terços do financiamento geral obtido no segundo semestre de 2020 e no primeiro semestre de 2021. Os veículos elétricos e os veículos com baixas emissões de gases de efeito estufa dominaram o cenário e responderam por quase US$ 33 bilhões em investimentos. Também houve um grande crescimento na área de indústria, manufatura e gestão de recursos, que levantou US$ 6,9 bilhões no segundo semestre de 2020 e no primeiro semestre de 2021, quase quatro vezes o valor arrecadado nos dois semestres anteriores.

Os EUA se mantiveram como o território dominante no segundo semestre de 2020 e primeiro semestre de 2021, arrecadando US$ 56,6 bilhões no período, quase 65% de todo o financiamento. A China atraiu US$ 9 bilhões em investimentos em tecnologia climática, enquanto a Europa totalizou US$ 18,3 bilhões na área de mobilidade e transporte, impulsionada por um aumento de quase 500% em comparação com os 12 meses anteriores. 

Há uma oportunidade de transferir capital para soluções de impacto climático com potencial inexplorado. Das 15 áreas de tecnologia analisadas, as cinco principais – que representam mais de 80% do potencial de redução de emissões – receberam apenas 25% do investimento em tecnologia climática entre 2013 e o primeiro semestre de 2021.

Tecnologia climática: uma categoria de ativos em maturação

O mercado de tecnologia climática é uma categoria de ativos que amadurece rapidamente, oferecendo aos investidores grandes retornos financeiros5 e uma imensa oportunidade de impacto ambiental e social. A tecnologia climática foi muito além de uma prova de conceito. Nossa análise detecta novos investidores entrando no mercado a cada ano. Embora a área apresente uma grande oportunidade comercial devido ao valor associado à redução de emissões, ainda há muito trabalho a ser feito para canalizar o investimento de forma adequada.

Cinco principais hubs de investimento
(1º semestre 2020 – 2º semestre 2021)

  • Área da Baía de São Francisco, Califórnia, EUA
  • Londres, Reino Unido
  • Berlim, Alemanha
  • Cidade de Nova York, Nova York, EUA
  • Boston, Massachusetts, EUA

 

“A tecnologia não é a resposta, é a ampliação da intenção; e a tecnologia climática por si só não é a panaceia, mas um recurso que vem surgindo rapidamente como um mecanismo fundamental para inverter a curva de emissões e nos colocar de volta no caminho do 1,5 grau”

Leo Johnson,Sócio, PwC do Reino Unido

O que é tecnologia climática? 

A tecnologia climática é definida como um conjunto de tecnologias focadas na redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) ou no tratamento dos impactos do aquecimento global. Os aplicativos de tecnologia climática podem ser classificados em três grandes grupos, voltados para:

  1. Mitigar ou eliminar diretamente as emissões
  2. Ajudar na adaptação aos impactos das mudanças climáticas
  3. Aprimorar nossa compreensão do clima

O termo “tecnologia climática” é propositalmente amplo, pois visa incorporar uma extensa gama de tecnologias e inovações usadas para lidar com as emissões de GEE e indústrias nas quais elas vêm sendo aplicadas. Os dados que sustentam a análise apresentada em nosso relatório incluem investimentos de capital de risco e private equity em startups que levantaram pelo menos US$ 1 milhão em financiamentos. Os tipos de rodadas de financiamento analisados incluem concessões, investidores anjo, capital semente, séries A-H e IPOs (incluindo SPACs). Os dados usados para avaliação foram obtidos do Dealroom.co e de reportagens da mídia.

As fontes dos dados abrangem mais fortemente os mercados europeu e norte-americano. Essa análise, portanto, pode ser uma estimativa conservadora dos níveis relativos ao investimento chinês e ao investimento geral.

Destaques de investimentos 

Após o rápido crescimento entre 2013 e 2018, o investimento em tecnologia climática estabilizou entre 2018 e 2020, assim como o mercado mais amplo de capital de risco/private equity, impactado por tendências macroeconômicas e a pandemia global de covid-19. 

No entanto, o investimento em tecnologia climática se recuperou fortemente no primeiro semestre de 2021, beneficiando-se do capital latente voltado, sobretudo, para iniciativas ESG. 

A PwC identificou mais de seis mil investidores que atuam especificamente com capital de risco, private equity, capitais de risco corporativos, fundos governamentais ou como investidores anjos e filantropos. Juntos, eles financiaram mais de três mil startups de tecnologia climática entre 2013 e o primeiro semestre de 2021, cobrindo quase nove mil rodadas de financiamento.

Cerca de 2.500 investidores se mantiveram ativos no segundo semestre de 2020 e no primeiro semestre de 2021, participando de cerca de 1.400 rodadas de financiamento, em comparação com 1.600 nos 12 meses anteriores. O aumento indica que há uma competição crescente por negócios de tecnologia climática, à medida que a comunidade de investimentos mais ampla se familiariza com a oportunidade de explorar essa opção como uma categoria de ativos.

O número de unicórnios de tecnologia climática cresceu para 78. A maior parte deles está na área de mobilidade e transporte.

A área de mobilidade e transporte recebeu a maior parte dos financiamentos, uma vez que veículos elétricos, micromobilidade e outros modelos de transporte inovadores continuaram a atrair a atenção de grandes investidores. Das dez startups que conquistaram a maioria dos investimentos no segundo semestre de 2020 e no primeiro semestre de 2021, oito eram de mobilidade e transporte.

A área de mobilidade e transporte também liderou em índice de crescimento. A área de indústria, manufatura e gestão de recursos e a de serviços financeiros não ficaram muito atrás, cada uma registrando mais de 260% de crescimento anual entre o segundo semestre de 2019 e o primeiro semestre de 2021. Apenas uma das indústrias verticais analisadas no estudo – ambiente construído – registrou taxa de crescimento abaixo de 90% (alcançou 20%). 

As áreas desafiadoras de captura, remoção e armazenamento de GEE e de gestão e relatório de mudanças climáticas – ambas de concentração horizontal – registraram taxas de crescimento, ano a ano, de 27% e 16% respectivamente. Em nosso relatório, os fatores de impulso subjacentes são apresentados em mais detalhes nas seções destinadas a cada uma dessas áreas.

O número de unicórnios de tecnologia climática subiu para 78. A maior parte deles está na área de mobilidade e transporte (43), seguida por agricultura alimentar e uso da terra (13), indústria, manufatura e gestão de recursos (10) e energia (9).

Análise por área

Mobilidade e transporte

Responsável por 16,2% das emissões globais, o transporte é uma das fontes de emissões que cresce mais rapidamente em todo o mundo, com um aumento de 71% desde 1990. A transição para veículos elétricos tem sido a alternativa preferida para reduzir as emissões. Além disso, espera-se que o desenvolvimento do hidrogênio verde como combustível sintético para o transporte seja um dos principais impulsionadores da futura economia do hidrogênio. 

Como de costume, o crescimento contínuo na atividade de passageiros e carga pode superar todos os esforços de mitigação, a menos que as emissões de transporte possam ser fortemente dissociadas do crescimento do PIB. Eletrificar os sistemas de transporte continua sendo vital na transição para o zero líquido.

Fonte: PwC State of Climate Tech 2021

Energia

A produção, transporte e uso de energia representam quase três quartos das emissões globais de GEE. No total, 13,6% das emissões são atribuídas à energia, uma das áreas de maior oportunidade para a tecnologia climática. Escalar rapidamente a energia de baixo carbono é fundamental para reduzir as emissões e manter o mundo no caminho certo para cumprir as metas do Acordo de Paris. 

Os custos unitários anuais das energias renováveis continuaram a cair, enquanto a eficiência energética aumentou, impulsionada por curvas de aprendizagem e economias de escala. O investimento geral foi menor em comparação com as outras áreas. Isso reflete a maturidade relativa da energia eólica e solar, que fizeram a transição para financiamento de projetos, via dívida e outros tipos. 

No entanto, a indústria global de fusão está ganhando força, com níveis crescentes de investimento. Mais de 30 startups foram fundadas desde 2010.

 

Fonte: PwC State of Climate Tech 2021

Alimentos, agricultura e uso da terra

Os sistemas alimentares são responsáveis por 20,1% das emissões globais de GEE. A maior contribuição vem de atividades de agricultura e uso da terra.

O investimento financeiro em alternativas de fábricas de carne e laticínios à base de vegetais está crescendo, impulsionado pela demanda dos consumidores e pela cobertura da mídia. A próxima geração de soluções deve se concentrar em carne cultivada em laboratório, proteínas de insetos e edição genética.

É preciso ter mais atenção para reduzir a perda e o desperdício de alimentos e criar soluções de embalagem mais sustentáveis, que também podem estender a vida útil dos produtos. Essas questões são fundamentais. A perda e o desperdício de alimentos representam aproximadamente um quarto das emissões de GEE do sistema alimentar.

Fonte: PwC State of Climate Tech 2021

Indústria, manufatura e gestão de recursos 

O setor global de produção industrial e manufatura é responsável por 29,4% das emissões de GEE, além de ser um dos que apresenta mais dificuldade de reverter esse quadro, devido à necessidade de fazer um retrofit, atualizar e substituir os equipamentos existentes e transformar as cadeias de abastecimento associadas.

As emissões resultam da energia utilizada nos processos industrial e de fabricação e na produção de materiais. Elas também são geradas diretamente pelos próprios processos industriais (como o CO2 emitido durante uma reação química). Portanto, uma redução absoluta nas emissões do segmento exigirá a implantação de um amplo conjunto de opções de mitigação, incluindo processos e uso de recursos mais eficientes, além de maior eficiência energética.

Fonte: PwC State of Climate Tech 2021

Ambiente construído

Edificações e construções são responsáveis por 20,7% das emissões de GEE. As emissões operacionais respondem por quase dois terços desse total, enquanto o restante vem das emissões de carbono incorporadas ou o carbono “prévio” que está associado a materiais e processos de construção. 

Para eliminar a pegada de carbono do ambiente construído, tanto as edificações quanto os materiais devem se tornar mais eficientes, inteligentes e baratos. Obter eficiência em pequena escala, como melhorias no aquecimento, iluminação ou eletrodomésticos, também terá um papel importante.

Dada a amplitude do impacto do ambiente construído, soluções mais essenciais também serão necessárias: por exemplo, nível do uso de eletricidade da construção e armazenamento térmico, métodos de construção inovadores e circularidade transformativa ou gerenciamento inteligente de edifícios baseado em sensores.

Fonte: PwC State of Climate Tech 2021

Serviços financeiros 

Até recentemente, as divulgações feitas por instituições financeiras sobre as emissões de GEE centravam-se principalmente nos impactos diretos causados por suas operações. A divulgação das emissões do Escopo 3 permanece um desafio, o que significa que continuam a ser omitidos os dados sobre as maiores fontes de emissões: a dos seus portfólios. É uma lacuna importante, pois estima-se que as emissões financiadas sejam, em média, 700 vezes maiores do que as emissões diretas.

A aplicação inovadora de tecnologias novas e existentes nos serviços financeiros, a criação de novos produtos “verdes” e fontes de dados precisas e confiáveis podem impulsionar a descarbonização. 

A demanda do consumidor por produtos verdes e ofertas de investimento está aumentando. Isso levou à entrada de novos concorrentes no mercado, permitindo aos clientes rastrear a pegada de carbono de seus gastos, investir suas pensões em fundos comprometidos com o zero líquido e tomar empréstimos para melhorar a sustentabilidade de suas casas.

Fonte: PwC State of Climate Tech 2021

Captura, remoção e armazenamento de GEE

Segundo recente relatório do IPCC, é improvável que possamos limitar os impactos devastadores das mudanças climáticas sem capturar carbono. Assim como é improvável que a sociedade alcance a meta de limitar o aquecimento em 1,5 grau Celsius sem remover carbono. É provável que os combustíveis fósseis continuem sendo as principais fontes para a produção de energia por algum tempo devido a sua disponibilidade, confiabilidade e acessibilidade. 

Capturar, armazenar e reutilizar GEEs pode desempenhar um papel importante na estabilização e redução das emissões de gases de efeito estufa durante a transição de nossos sistemas industriais e de energia. As tecnologias de sequestro de carbono devem ser desenvolvidas rapidamente e implantadas em escala se o mundo quiser continuar usando os combustíveis fósseis como uma fonte-chave de energia.

Fonte: PwC State of Climate Tech 2021

Gestão e relatórios de mudanças climáticas 

O novo nome dessa área de desafio no relatório de 2021 (anteriormente chamada de Geração de dados do clima e da Terra) reflete as evoluções por que ela vem passando, com mais startups surgindo para ajudar os stakeholders – especialmente empresas privadas, investidores e órgãos locais/regionais/nacionais, incluindo governos – a definir e cumprir seus compromissos de emissões líquidas zero. 

A observação do clima e da Terra, impulsionada pela coleta de dados de satélites e microssensores, começa a fornecer os dados necessários para apoiar os esforços globais de descarbonização, proteger ainda mais o meio ambiente e alcançar objetivos mais amplos de desenvolvimento sustentável. A quantidade de governos, investidores e empresas que vêm se comprometendo em zerar as emissões líquidas nos últimos 18 meses ajudou a elaborar um caso de negócios sobre soluções de software que utilizam esses dados, com o objetivo de definir linhas de base e priorizar atividades que reduzam as emissões e possibilitem cumprir as metas.

Fonte: PwC State of Climate Tech 2021

Distribuição de investimento regional

Divisão geral

Do segundo semestre de 2020 ao primeiro semestre de 2021, quase 65% dos investimentos de risco foram direcionados para startups de tecnologia climática nos EUA (US$ 56,6 bilhões). A segunda região mais visada foi a Europa, com US$ 18,3 bilhões, seguida da China, com US$ 9 bilhões.

A maioria das regiões registrou alta de investimentos nos últimos 12 meses, com média de 208% no comparativo anual. O aumento dos investimentos em startups chinesas ficou aquém da média, embora ainda tenha registrado uma alta rápida de 138%.

A maior parte do financiamento ainda ocorre em regiões geográficas isoladas, mas os mercados emergentes tendem a atrair mais investimento estrangeiro. As startups de tecnologia climática na América do Norte e na Europa levantaram cerca de 80% de seu financiamento de investidores nessas mesmas regiões. O percentual diminui para 55% quando se trata de startups chinesas e para apenas 40% em relação às africanas.

Estados Unidos

Os EUA têm o maior investimento em tecnologia climática (US$ 56,6 bilhões) de todas as regiões, devido à presença de seis centros de investimento climático importantes localizados na América do Norte e à maturidade do seu mercado de capital de risco. O investimento está concentrado de forma mais significativa na área de mobilidade e transporte, que arrecadou US$ 36,4 bilhões entre o primeiro semestre de 2013 e o primeiro semestre de 2021. Isso representa mais da metade do investimento global nessas áreas.

Em seguida, as áreas que têm mais peso em termos de investimento são alimentos, agricultura e uso da terra (US$ 6,9 bilhões) e energia (US$ 4,9 bilhões).

Europa

A Europa é atualmente o segundo maior investidor em tecnologia climática (US$ 18,3 bilhões), mantendo-se à frente da China nos últimos 12 meses. Da mesma forma que os EUA, o maior investimento da Europa é em mobilidade e transporte, seguido por agricultura, alimentos e uso da terra e energia.

A área de mobilidade e transporte na Europa registrou um aumento de 494% em investimento total no segundo semestre de 2020 e no primeiro semestre de 2021 em comparação com os 12 meses anteriores.

China

A China foi o terceiro maior investidor em tecnologia climática entre o segundo semestre de 2020 e o primeiro semestre de 2021 (US$ 9 bilhões).

O investimento é fortemente direcionado para mobilidade e transporte. Os US$ 8,9 bilhões levantados por essa área representam 99% de todo o investimento em tecnologia climática na região. 

Esse nível de investimento em mobilidade e transporte é altamente desproporcional. Nos EUA e na Europa, o investimento é mais distribuído por outras áreas.

A China é o segundo maior investidor em mobilidade e transporte, atrás apenas dos EUA. A maior parte do investimento foi direcionado para transporte leve e pesado de baixa GEE (83%), seguido de sistemas de transporte eficientes (9,3%).

Comparando os investimentos em tecnologia climática para combater o impacto climático

Na edição 2021 do relatório State of Climate Tech, realizamos novas análises examinando a ligação entre maturidade tecnológica, proximidade do ponto de inflexão setorial, potencial de redução de emissões e volume de investimento. O relatório se concentra em um conjunto de 15 áreas de tecnologia climática e analisa se as soluções com maior potencial de remover rapidamente carbono vêm recebendo o financiamento necessário para escalar.

Nossa análise descobriu que ainda existem áreas importantes de potencial inexplorado – as chamadas “notas de US$ 5 de carbono”. Das 15 áreas de tecnologia analisadas, as cinco principais, que representam mais de 80% do potencial de redução de emissões até 2050, receberam apenas 25% do investimento em tecnologia climática entre 2013 e o primeiro semestre de 2021.

Descobertas gerais

  • O capital é usado em escala quando os modelos de negócio e as tecnologias climáticas são viáveis. Há um entusiasmo dos investidores em torno de certas tecnologias, principalmente aquelas relacionadas a mobilidade e transporte, que atraem grande parte do capital e recebem financiamento maior que o seu potencial de impacto na mitigação das alterações climáticas. Quando uma tecnologia desenvolve um modelo de negócios comprovado, o capital flui rapidamente e pode ajudar a acelerar sua adoção. No entanto, o investimento hoje está desproporcionalmente distribuído: enquanto áreas desafiadoras com menor potencial de redução total de emissões recebem muito financiamento, áreas desafiadoras de alto potencial, com tecnologias menos maduras, permanecem subfinanciadas. 

  • É necessário aumentar o financiamento em todas as áreas desafiadoras para permitir inovações revolucionárias, atingir pontos de inflexão setoriais e apoiar tecnologias comercialmente prontas para serem aplicadas em escala na próxima década. São necessárias políticas que incentivem os investidores, o que inclui planos de ação governamentais claros, apoio para estabelecer um preço de carbono consistente e investimento em pesquisa e desenvolvimento para acelerar a inovação tecnológica. Isso permitirá aumentar rapidamente a escala de capital aplicado em tecnologias climáticas necessárias ao longo da próxima década e mais além. 

  • É necessário mais capital de investidores que atuem com capital de risco em estágio inicial para se obter novas descobertas. Planos estratégicos de longo prazo e medidas políticas direcionadas por governos (por exemplo, um preço para o carbono) são necessários para impulsionar o investimento em tecnologias nos setores onde é difícil reduzir as emissões (como para produzir materiais de construção de baixo GEE) e em tecnologias de remoção de carbono que serão essenciais para atingir as metas globais Net Zero.

Referências

1. PwC, Net Zero Economy Index 2021
2. Os dados de financiamento são fornecidos pela plataforma de dados global Dealroom.co, que reúne informações sobre startups, investidores e negócios
3. UNFCCC, The Paris Agreement, acessado em 9 de dezembro de 2021, https://unfccc.int/process-and-meetings/the-paris-agreement/the-paris-agreement
4. Líderes mundiais participam do Glasgow Breakthroughs, do Reino Unido, para acelerar a tecnologia limpa acessível em todo o mundo, 2 de novembro de 2021, https://www.gov.uk/government/news/world-leaders-join-uks-glasgow-breakthroughs-to-speed- up-acessível-clean-tech-mundial
5. Energy Impact Partners (EIP), EIP Climate Tech Index, acessado em 9 de dezembro de 2021, https://eipclimateindex.com/

 

Contatos

Mauricio Colombari

Mauricio Colombari

Sócio, PwC Brasil

Tel: 4004 8000

Siga a PwC Brasil nas redes sociais