O Brasil se prepara para sediar a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém, estado do Pará, em novembro de 2025. Lideranças governamentais, representantes do setor privado e da sociedade civil se reunirão para debater possíveis avanços nas negociações da agenda climática e evidenciar como compromissos acordados nas edições anteriores estão se transformando em ações concretas.
Sob a chancela das Nações Unidas, a COP30 é uma relevante oportunidade para o Brasil assumir o protagonismo na transição para uma economia de baixo carbono, impulsionando a inovação, atraindo investimentos e se consolidando como referência em desenvolvimento sustentável e inovação.
Os principais temas a serem discutidos incluem a redução de emissões de gases de efeito estufa; adaptação às mudanças no clima e preservação de biodiversidade; financiamento a países em desenvolvimento e justiça climática; e novas soluções tecnológicas. O objetivo é garantir que os benefícios da economia verde alcancem todas as camadas da sociedade, promovendo inclusão social, fortalecimento das cadeias produtivas locais e crescimento econômico regional.
Este estudo busca mapear as oportunidades para o país na agenda climática global e enriquecer o debate em torno da COP30.
A crise climática global tem causado prejuízos sociais e econômicos crescentes, com perdas econômicas que chegaram a US$ 1,5 trilhão em 2022 devido a desastres naturais intensificados. O setor financeiro, especialmente seguradoras, também enfrenta impactos severos, com perdas recordes em 2024. Estudos indicam que, sem ações efetivas, a renda global pode cair até 20% até 2050.
Nesse contexto, o Brasil surge como um ator-chave, com potencial para liderar iniciativas sustentáveis graças à sua biodiversidade, ecossistemas únicos (como a Amazônia e o Cerrado) e histórico de participação em negociações climáticas. O país possui vocação para energias renováveis e pode se reposicionar nas cadeias globais de valor.
Durante a presidência do G20 em 2024, o Brasil teve a oportunidade de influenciar a agenda global de sustentabilidade. A declaração final do evento reafirmou o compromisso dos países-membros com temas como transição energética, preservação da biodiversidade e combate à poluição.
Com a realização da COP30 no Brasil, o país fortalece seu papel estratégico no cenário internacional, promovendo uma agenda que integre desenvolvimento econômico, justiça social e sustentabilidade ambiental. A conferência representa uma chance de consolidar a posição do Brasil como líder e hub global de descarbonização.
À medida que o mundo se volta para a COP30, é essencial analisar o legado deixado pela COP29, realizada em Baku, Azerbaijão, em novembro de 2024. O evento trouxe avanços como o compromisso global com a redução das emissões de metano – um passo importante na mitigação das mudanças climáticas – e atualizações na definição da Nova Meta de Financiamento Climático (NCQG).
No entanto, frustrações marcaram o evento, especialmente pela falta de maior ambição em relação ao financiamento climático e pelo recuo em compromissos já estabelecidos com a pauta da transição energética.
A COP30 enfrentará o desafio de avançar nas negociações climáticas após a falta de consenso na COP29. Com o Brasil como anfitrião e presidente rotativo do G20, espera-se que o país proponha soluções inovadoras que integrem sustentabilidade, justiça social e desenvolvimento. Os principais temas da conferência incluem:
O setor privado tem ampliado investimentos em descarbonização, impulsionado por regulamentações e incentivos. Apesar de alguns custos, a maioria das empresas percebe benefícios financeiros e competitivos.
Ao adotar práticas sustentáveis, elas atraem investidores, fortalecem a inovação e envolvem micro, pequenas e médias empresas na transição climática. A COP30 será uma vitrine para lideranças empresariais mostrarem seu papel na agenda climática global. No entanto, para que a COP30 gere mudanças reais, é preciso fortalecer políticas públicas eficazes, apoiar as PMEs na transição sustentável, envolver comunidades vulneráveis e ampliar o acesso a financiamentos climáticos. O setor privado tem papel central como financiador e agente de transformação, mas os compromissos firmados precisam se traduzir em ações concretas, e não apenas em discurso.