À medida que cresce o uso da inteligência artificial em escala global, aumenta também o desafio de equilibrar inovação e sustentabilidade. Estamos perto de uma IA com emissões líquidas zero?
Uma nova análise da PwC mostra que sim – e que isso pode acontecer já na próxima década. O estudo revela que, ao mesmo tempo em que o avanço da IA eleva a demanda por energia em data centers, ele também abre caminho para ganhos expressivos de eficiência energética em toda a economia.
Com base em modelos econômicos e cenários globais, a PwC simulou o impacto da adoção da IA no consumo de energia e nas emissões de gases de efeito estufa. O resultado é animador: mesmo um nível moderado de aplicação da tecnologia em setores produtivos seria suficiente para compensar o aumento de consumo nos centros de dados – tornando o efeito líquido da IA sobre energia e emissões praticamente neutro.
O crescimento exponencial da inteligência artificial vem impulsionando a expansão global dos data centers, estruturas altamente intensivas em energia. A PwC estima que, até 2026, o consumo elétrico desses centros poderá se igualar ao de um país do porte do Japão. Mesmo com avanços em chips, software e resfriamento, a demanda energética continuará crescendo, exigindo soluções sustentáveis e inovação contínua para mitigar o impacto ambiental da infraestrutura de IA.
A IA também faz parte da solução. Ao ser aplicada em processos industriais, no transporte, na construção e na gestão de energia, ela pode gerar ganhos expressivos de eficiência. De ajustar automaticamente o resfriamento de ambientes a otimizar rotas de transporte e processos fabris, as aplicações inteligentes permitem reduzir o consumo e as emissões. Startups de tecnologia climática já captaram bilhões de dólares para desenvolver soluções que integram IA e sustentabilidade.
Nossa análise mostra que os ganhos de eficiência energética proporcionados pela IA em toda a economia podem compensar o aumento do consumo nos data centers. Nos cenários modelados, o uso total de energia em 2035 seria praticamente igual – ou até ligeiramente menor – que em um cenário sem IA. Isso significa que a adoção inteligente e responsável da tecnologia pode neutralizar seus próprios impactos energéticos.
Quando se considera o efeito nas emissões de gases de efeito estufa, os resultados são igualmente promissores. A ampla adoção da IA pode reduzir as emissões globais entre 0,3% e 1,9% até 2035, graças à maior eficiência e à aceleração da transição energética. Assim, a IA se apresenta não apenas como um desafio climático, mas também como uma ferramenta poderosa para a descarbonização da economia.
Para que o potencial da IA na sustentabilidade se concretize, as empresas precisam agir estrategicamente. A PwC propõe quatro ações:
Com essas medidas, é possível alinhar o crescimento tecnológico às metas de carbono zero.
Daniel Martins
Sócio e líder da indústria de Energia e Serviços de Utilidade Pública, PwC Brasil