O Consumer Goods Forum 2025, realizado em junho em Amsterdã, Países Baixos, reuniu líderes de alguns dos maiores varejistas e empresas de bens de consumo do mundo, que compartilharam suas visões sobre tendências, inovação e ações conjuntas em sustentabilidade e impacto empresarial. A organização abrange representantes de empresas de diferentes portes, formatos de varejo e tipos de produtos.
A PwC Brasil esteve presente no encontro e reuniu em uma publicação os principais insights, exemplos práticos, citações dos líderes presentes e estratégias debatidas, que envolvem temas que vão do papel da loja física à personalização com inteligência artificial, da sustentabilidade com impacto mensurável à liderança com propósito real.
Com 8 bilhões de consumidores interagindo diariamente com marcas, existe uma oportunidade única de ajudá-las a viver de forma mais feliz, saudável e sustentável. Ainda assim, o setor precisa lidar com desafios importantes, como o aumento do custo de vida, as pressões do crescimento econômico e metas cada vez mais ambiciosas de sustentabilidade.
Transformação digital do varejo: da convergência à inteligência
A digitalização está presente em praticamente todas as decisões do varejo – do abastecimento à experiência do consumidor, passando pela operação até a cultura organizacional. A tecnologia não substitui o varejo tradicional: ela o amplia, acelera e conecta com novas possibilidades. A loja física, longe de estar ameaçada, está sendo redefinida como ponto de convergência de dados, experiências e serviços.
A loja física como novo centro de gravidade do varejo
Durante anos, foi comum ouvir previsões sobre o fim das lojas físicas diante do avanço do e-commerce. Mas o que emergiu dos debates no evento foi o oposto. A loja física não apenas resiste – ela renasce com novos papéis, formatos e protagonismo.
Retail media e monetização do ponto de venda
O ponto de venda físico está passando por mais uma transformação – e radical. Deixou de ser apenas um local de transação para se tornar uma plataforma de mídia altamente estratégica, com potencial de audiência superior ao do digital tradicional. Se antes a publicidade no varejo se limitava a cartazes, displays e promotores, agora estamos entrando na era da comunicação inteligente, contextual e mensurável, diretamente na gôndola. Os corredores se digitalizam, os dados se ativam, e cresce essa nova fonte de receita para o varejo – o retail media.
Regionalização e adaptação cultural
Durante décadas, o olhar de muitas multinacionais esteve voltado para os mesmos centros tradicionais de crescimento. O evento deste ano mostrou que os mercados emergentes não apenas cresceram – eles estão liderando. China, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Índia estão ditando o ritmo da inovação, da digitalização e da sofisticação no varejo.
Sustentabilidade em ação
A sustentabilidade esteve presente no evento não apenas como ideal ou exigência regulatória, mas como uma estratégia prática, mensurável e alinhada à competitividade. O que se observou foi uma evolução no papel do ESG no varejo: um movimento em direção à integração mais efetiva com o dia a dia do negócio, com foco em dados e na realidade das operações.
Canetas de emagrecimento mudam a forma de comer e comprar
Nos últimos anos, medicamentos à base de GLP-1 (como Ozempic, Wegovy e similares) ganharam destaque por seu papel no controle do diabetes tipo 2 e na perda de peso – que acabaram rendendo a eles o nome popular de canetas de emagrecimento. Mas o que começou como uma solução clínica está rapidamente se tornando uma força transformadora no comportamento de consumo, com impactos diretos e crescentes no varejo de alimentos, bebidas e bem-estar.
Talento, cultura e liderança com propósito
A nova fronteira da competitividade num varejo cada vez mais digital exige uma liderança que vai além de metas, eficiência e tecnologia para investir na cultura organizacional, no propósito vivido e no valor humano que sustenta tudo isso. Liderar hoje é muito menos sobre “dirigir” e muito mais sobre servir, ouvir, inspirar. Um modelo que desafia hierarquias rígidas e coloca as pessoas – colaboradores e consumidores – como parte viva da estratégia.
“A loja física não vai acabar, ela vai se reinventar. É preciso ter em mente que hoje o ponto de venda é o braço estratégico do digital, e não o contrário. O varejo do futuro está na tecnologia, mas também está na experiência humana, na conexão pessoal e na agilidade logística. Quem souber administrar a integração do digital e do físico, com coragem e propósito, vai gerar valor e ter mais relevância no mercado.”
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