Startups: por que pensar em IPO neste momento?

Volatilidade, taxas de juros altas, inflação mundial, fragmentação geopolítica, tempestade perfeita: por que pensar em IPO neste momento?

Pesquisa da PwC Brasil mostra que 83% das startups em fase de escala que querem realizar um IPO ainda não possuem a maturidade esperada em termos de processos de governança.

São Paulo, 12 de janeiro de 2023 – Janelas de oportunidade às empresas brasileiras para acesso aos mercados de capitais não foram historicamente amplas nem frequentes – já que recessão econômica e diversas crises políticas fizeram parte do cenário nas últimas duas décadas. Entre 2020 e 2021, mesmo em meio à pandemia, o cenário de taxas de juros baixas e disponibilidade de liquidez, entre outros fatores, levaram a um boom de IPOs no Brasil: 74 empresas abriram capital e passaram a negociar suas ações no mercado, um número menor apenas se comparado às 90 empresas que realizaram seus IPOs mais de 10 anos antes, entre 2006 e 2007.

Em 2022 não houve novas aberturas de capital no mercado acionário brasileiro. Há quem diga que o fato esteja relacionado não apenas ao cenário nacional, mas ao fim da era global da “Grande Moderação”, caracterizada por volatilidade e inflação relativamente baixas, além de capacidade produtiva em constante expansão e choques de demanda. No novo cenário mundial, porém, a ordem do dia é a incerteza, trazida por duas poderosas tendências estruturais que estão elevando os custos de produção e promovendo a realocação de recursos: em primeiro lugar, a pandemia e a guerra da Ucrânia aceleraram a tendência à fragmentação geopolítica, incorporando a pressão para segurança energética e o esforço de diversificação e independência das cadeias de suprimentos. No fronte econômico, por sua vez, o incandescimento da inflação e da alavancagem tem levado, desde 2022, ao aumento das taxas de juros globais, da volatilidade e dos prêmios de risco, e à consequente realocação de recursos financeiros.

À parte o cenário macroeconômico, a preparação para um IPO é um processo de transformação que representa uma mudança cultural para a empresa. Como toda mudança, leva tempo e exige, intrinsecamente, o engajamento de conselheiros e executivos, bem como de todas as áreas operacionais.

“Embora tenha como finalidade última a captação de recursos, o caminho de preparação para o IPO traz às empresas benefícios que geram valor para o acionista no longo prazo”, avalia a diretora de Mercado de Capitais e ESG da PwC Brasil, Melissa Schleich. Dentre esses benefícios, incluem-se a adoção de boas práticas de governança corporativa e ESG, melhoria de controles internos, automatização de processos e otimização da estrutura corporativa das empresas. “Estas práticas e responsabilidades agregam, além de um controle mais efetivo, benefícios como transparência, equidade e tempestividade de informações, que podem ser utilizadas para tomadas de decisões mais ágeis e fundamentadas”, complementa. 

Nesse sentido, uma pesquisa inédita da PwC Brasil com startups em diferentes graus de maturação mostrou que, dentre as startups que tencionam realizar uma abertura de capital e que estão em fase de “escala” (considerada a de maior desenvolvimento, consecutiva aos estágios de “tração” e “validação”), 87% ainda não possuem a maturidade esperada, em termos de processos em governança e accountability, para desenvolverem um IPO. Apenas 13% das entrevistadas afirmaram ter todos os itens requeridos, enquanto 37% estavam em nível intermediário e 50% em nível baixo de atendimento.

Adicionalmente, em termos de pessoas e recursos, nenhuma startup em fase de escala que tenciona realizar um IPO atingiu 100% de atendimento aos quesitos apresentados. Nesse caso, 37% das empresas apresentaram em torno de 80% dos recursos considerados adequados, comparativamente a 25% de startups em nível intermediário e 38% em nível baixo. 

Faz-se notar que a implementação de práticas deve ser gradual e independe de uma decisão tempestiva de abertura de capital. “Por quanto tempo a janela de oportunidade ficará fechada? Não é possível antecipar com precisão. Mas eventos de curto prazo podem ter impactos significativos sobre os mercados e sobre a demanda para IPOs – como a definição de políticas econômicas advindas da nova cúpula executiva federal brasileira neste ano, ou uma potencial solução para a crise energética europeia e para as questões sanitárias e de demanda na China, em âmbito global”, explica Melissa Schleich. 

Todos esses fatores tendem a reduzir o grau de incertezas e favorecer a captação de recursos, por isso, é tão importante para as empresas estarem prontas para irem a mercado caso surja uma oportunidade. “Ninguém fica pronto da noite para o dia; a preparação deve ser pensada e as práticas, implementadas, dentro de um planejamento temporal adequado”, avalia Melissa Schleich.

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