Operações de M&A no Brasil aquecem 2025, mas podem enfraquecer no 2º semestre

País registra alta de 15% nas transações até junho, mas instabilidades nos mercados nacional e global podem restringir novos investimentos 

São Paulo, 15 de julho de 2025 – De janeiro a maio de 2025, as operações de fusões e aquisições (M&A na sigla em inglês para Mergers and Acquisitions) no Brasil registraram um aumento de 15% em volume total na comparação com o mesmo período do ano passado. Dados da PwC Brasil mapearam 596 transações neste período. O movimento demonstra um momento favorável para este tipo de captação de recursos no país em um contexto marcado por altas taxas de juros e mercado ainda fechado para novas aberturas de capital (IPOs).

O movimento no Brasil avança contrário a tendências mundiais. “Apesar da maior hesitação de investidores nos últimos meses para avançar em etapas críticas, como nas due diligences, o volume acumulado de transações mostra que as fusões e aquisições são as operações mais viáveis hoje para empresas que buscam captações de recursos para investimentos e crescimento.”, afirma Leonardo Dell’Oso, sócio de Deals da PwC Brasil.

Ainda segundo Leonardo Dell’Oso, “apesar do cenário local conturbado pela alta taxa de juros, indefinições quanto aos impactos da reforma tributária, desequilíbrio nas contas públicas e consequente expectativa de crescimento mais moderado da economia em 2026 e 2027, que tendem a reduzir o apetite dos investidores para processos de M&A, a instabilidade geopolítica global, a política tarifária dos Estados Unidos da América e o acirramento das guerras, associados a uma queda no valor das empresas no Brasil, podem atrair interesses de compradores de empresas pelo Brasil”.

As transações de M&A no período tiveram como principais destaques os setores de tecnologia, com 33% das transações, seguido de consumo e varejo (15%), automotivo (9%) e energia e serviços públicos (7,5%). A maior parte dos movimentos foi conduzida por empresas nacionais, representando 81%. Ao considerar o perfil do comprador, apenas 17% dos investimentos foram feitos por fundos de private equity.

“Apesar do atual contexto macroeconômico e político Brasileiro, muitas empresas têm adotado estratégias de fusões operacionais como forma de reduzir custos e operar de maneira mais eficiente e sustentável, o que também se reflete na busca por negócios pelas empresas brasileiras”, complementa Leonardo Dell’Oso. 

Transações por estado

O estado de São Paulo se destaca como responsável por 52% das operações no país. Em seguida, aparecem Minas Gerais (8,7%), Rio Grande do Sul (5,8%), Santa Catarina (5,3%), Paraná (5%) e Rio de Janeiro (4,7%), evidenciando a concentração das atividades de M&A nas regiões Sudeste e Sul.

Fatores de influência

Internamente, fatores como o aumento das taxas de juros, indefinições fiscais e a desvalorização de ativos têm influenciado o apetite dos investidores. No cenário internacional, o avanço de conflitos e a instabilidade geopolítica também adicionam uma camada de complexidade às decisões estratégicas. Ainda assim, de acordo com o sócio da PwC, momentos de crise tendem a fomentar movimentos de consolidação, com empresas buscando sinergias, redução de custos e fortalecimento competitivo – muitas vezes por meio de trocas de participações societárias, que reduzem a necessidade de capital adicional.

“O investidor estratégico que enxerga o longo prazo segue ativo, principalmente em setores onde há oportunidades de ganho de escala ou de reestruturação operacional. Em um ambiente mais restritivo, criatividade e disciplina na gestão de riscos são elementos essenciais para destravar valor”, completa Leonardo Dell’Oso.

Perspectivas

O levantamento da PwC aponta que as perspectivas para o segundo semestre de 2025 permanecem incertas, com os olhos voltados para o comportamento da economia global, a evolução do cenário fiscal no país e os desdobramentos políticos. Já para 2026 e 2027, a expectativa é de retomada mais consistente, desde que haja maior clareza regulatória e estabilidade macroeconômica.

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