Dezembro 9, 2022
Por Marina Salles
A agtech Eysios — que aplica Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA) para monitorar a produção no campo por meio da plataforma Demetra — recebeu um investimento de R$ 1 milhão do Corporate Venture Capital formado por cooperativas do Sicredi, o CVC Comunitá powered by Ventiur.
Lançado em abril de 2022, o CVC Comunitá conta hoje com as cooperativas Sicredi Caminho das Águas e Sicredi Pioneira. No caso específico do aporte na Elysios, a cooperativa Sicredi Serrana foi convidada a integrar a rodada, em função do relacionamento de longa data com a startup e alinhamento com as entregas de smart-money. Além do investimento, a Elysios receberá mentoria e acompanhamento estratégico da aceleradora Ventiur.
A aproximação do Sicredi com a Elysios teve início no programa Intensive Connection 2019, do AgTech Garage, e se fortaleceu nos últimos quatro anos. Na época, o banco cooperativo buscava soluções tecnológicas que pudessem empoderar o produtor rural e selecionou a Elysios para implementar um caderno de campo digital em fazendas da Serra Gaúcha. Os primeiros a utilizar a solução da startup, nesse contexto, foram os agricultores da Cooperativa Sicredi Serrana, produtores de frutas, verduras e legumes. O case de inovação aberta entre a Elysios e o Sicredi ganhou, em 2021, o prêmio AgTech Garage Awards.
Welington Oliveira Backes, Gerente de Negócios da Sicredi Pioneira, destaca: “O Sicredi e a Elysios já cultivam uma parceira de antes mesmo de o Comunitá ser estruturado e somam competências para agregar valor ao público agro”. De um lado, a geração de valor da Elysios, segundo ele, está na aplicação de soluções tecnológicas para gerenciamento das atividades agrícolas, rastreabilidade da produção e integração das informações no campo. Ao passo que o Sicredi entrega soluções financeiras de ponta.
“Identificamos uma grande oportunidade de somar os propósitos de ambos e compartilhar aprendizados através de uma relação ganha-ganha-ganha. Com o investimento, ganha o associado, ganha a Elysios e ganha o Sicredi, por meio de uma comunidade mais fortalecida”, diz Backes.
Frederico Apollo Brito, sócio fundador e CEO da Elysios, conta que os recursos investidos serão destinados prioritariamente: ao produto da startup e à área comercial, com a finalidade de aumentar o fluxo de captação de clientes e consolidar a presença da empresa nas comunidades onde já são realizados projetos com o Sicredi.
Com o aporte, a equipe de 12 pessoas deve chegar a 16 num primeiro momento. Hoje em 17 Estados brasileiros, a expectativa da Elysios é solidificar a marca nos locais em que atua e, no médio prazo, também se internacionalizar e ampliar o leque de culturas atendidas.
Dos 200 clientes pagantes da Elysios hoje, cerca da metade se somou à carteira graças à parceria com o Sicredi. “Com o investimento, vamos conseguir atingir o crescimento esperado com muito mais confiança”, afirma o CEO da agtech.
O CVC Comunitá tem uma tese de investimento multimercados, e prospecta startups com soluções variadas. Do open finance, novos meios de pagamento e moedas digitais à segurança de dados, passando por canais omnichannel humanizados, soluções ESG (ambiental, social e de governança), negócios conscientes e soluções para entender o comportamento de consumo de bens e informações, esses são os grandes temas norteadores que devem nortear aportes. Em qualquer uma das áreas, as soluções precisam ter base tecnológica. Em termos de estágio de maturidade, o CVC busca startups em fase de validação e início de tração.
Na parceria, a Ventiur entra com o planejamento e estruturação do veículo de investimento, além de acelerar as startups. Já as cooperativas entram com co-participação nos aportes, definição das selecionadas para o portfólio e oferta de smart-money, para impulsionar o crescimento e o impacto das startups.
“Mais do que aportar recursos financeiros, o CVC Comunitá busca alavancar os negócios investidos pela conexão com sua rede de associados. Se a sua startup foca na resolução de problemas reais desse mercado e pode contribuir com as demandas das cooperativas, existem benefícios em inscrevê-la no programa”, afirma, em mensagem aos empreendedores.
Como forma de alavancar os negócios, ele cita que o CVC está comprometido com a busca do fit estratégico entre as startups e o sistema Sicredi; com a realização de conexões e networking; oferta de mentoria e capacitações; além da inclusão das empresas nascentes em um processo de onboarding desenvolvido pela Ventiur Aceleradora.
Atualmente, apenas o Sicredi Caminho das Águas e o Sicredi Pioneira compõem o pool de cooperativas investidoras e a tendência é a rede crescer paulatinamente. “Sobre aumentarmos o número de cooperativas no CVC, enxergamos como saudável um crescimento gradual em função da curva de aprendizado. Algumas cooperativas já sinalizaram interesse em participar por se identificarem com o movimento e estamos abertos a avaliar novas interessadas”, explica Backes.
Hadar: “Buscamos uma nova geração de soluções de nutrição vegetal e foodtech” (Foto: ICL)
Até o momento, quatro empresas integram o portfólio do ICL Planet Startup Hub. São elas: CropX, Protera Biosciences, Plantible Foods e Lavie Bio.
Startup de análise agrícola, a CropX ataca o problema de se produzir mais com menos recursos, no que tange principalmente ao uso de água e energia. Voltada aos produtores rurais, combina dados de solo medidos por sensores proprietários em tempo real com imagens, dados meteorológicos, de topografia entre outros, em uma plataforma em nuvem para gerar insights e tomadas de decisão mais assertivas. A empresa tem escritórios nos EUA, Israel, Austrália e Nova Zelândia.
Já a chilena Protera usa inteligência artificial para identificar e criar novos ingredientes funcionais à base de proteínas e permitir que a indústria desenvolva, de forma mais rápida e econômica, produtos de alto valor nutricional.
Considerada uma biotech/ foodtech, a americana Plantible Foods produz de forma integrada e verticalizada a lentilha-d'água, espécie de planta aquática que batizou internamente de Rubi Protein, pelo seu alto grau proteico. A proteína de origem vegetal é usada pela indústria alimentícia para emular características funcionais de proteínas de origem animal.
A israelense Lavie Bio, por fim, é uma startup que desenvolve bioestimulantes e biopesticidas, com base na população microbiana que ocorre de forma natural no ambiente. Sua pegada tecnológica está no banco de dados que utiliza para descobrir, otimizar e desenvolver produtos, além da plataforma interna que lhe permite modelar a complexa interação dos sistemas microbioma-planta.