O que o profissional de inovação tem? Saiba quais as características comuns no perfil

Pensar o futuro das empresas é tarefa para profissionais qualificados, mas que dificilmente já estão prontos ou foram talhados antes de entrar no mercado

Junho 8, 2022

A construção da cultura de inovação nas grandes empresas passa, primeiro, pela formação de times coesos e resilientes (Foto: Kindel Media/Pexels/Canva)

*Vitor Lima

A inovação é um dos temas quentes do mundo corporativo já há algum tempo, pelo caráter estratégico das iniciativas que envolve e que moldam o futuro das organizações. E pensar o futuro de empresas, muitas vezes centenárias, não é tarefa fácil. O trabalho exige gestão profissional, capacidade de atualização constante, senso crítico e acompanhamento de tendências, apenas para citar algumas das competências dos profissionais da inovação. 

Se você quer se tornar um profissional do ramo ou está montando um time de inovação, esse artigo é para você. No final do dia, a missão das equipes de inovação é disseminar uma nova cultura dentro das empresas e, para tanto, é importante conhecer diferentes experiências e manter o aprendizado contínuo na rotina. 

Baseado no podcast O profissional de inovação em grandes empresas, que contou com a presença de Claudio Kuribayashi (Gerente de Engenharia da John Deere), Fernanda Eduardo (Ex-Gerente de Inovação Aberta da Bayer) e Fernando de Souza (Gerente de Inovação do Genesis Group), este Inovapédia explora qual o perfil dos profissionais da inovação e o que você deve ter em conta para encontrá-los ou se tornar um deles. 

Curioso, empático e resiliente

Quando não existe uma faculdade que forme o profissional que o mercado quer, uma coisa é certa: o perfil comportamental conta muito para talhar as competências desejadas pelas empresas. “Curiosidade, empatia, pensamento expansivo, capacidade de inclusão e experimentação, além do alto grau de resiliência” são, na opinião de Fernanda Eduardo, ingredientes que ajudam a formar um bom profissional da inovação. 

“Essas características se refletem na forma de a pessoa trabalhar e se fazem necessárias para ser eficiente na função”, diz, independentemente da área de formação. Enquanto Fernanda é administradora de empresas com ênfase em marketing, Souza é engenheiro agrônomo e Kuribayashi, engenheiro elétrico. 

O profissional de inovação tem o contato diário com propostas de novos projetos, novos produtos e outros meios de mudar a forma como uma companhia atende seus clientes ou conduz procedimentos internos. Por isso, o perfil dele e a forma como enxerga o mundo, ou seja, sua mentalidade, seu mindset, acaba sendo tão importante e uma das principais ferramentas de trabalho. Quanto mais ágeis esses profissionais são, e mais abertos a se adaptar às mudanças, melhor para o dia a dia das suas equipes de inovação.

Apaixonado por tecnologia e pessoas

A paixão pela tecnologia e a construção de relacionamentos, com uma visão questionadora das opiniões unânimes e a sede pelo aprendizado contínuo, também integram o hall de características que costumam aparecer entre os profissionais da inovação.

No entorno dos times de inovação, há muito mais do que post-its e puffs coloridos. Na Genesis Group, por exemplo, a aculturação ao mindset da inovação está na ordem do dia e passa por todas as equipes. Segundo Souza, começando pelo envolvimento das altas lideranças da companhia com o time de inovação, para criar ambientes favoráveis à experimentar novas ideias. 

Já na Bayer, a inovação tem, por definição, três pilares estratégicos: pessoas, cultura e processos. Por isso, a sinergia com a área de Recursos Humanos é uma obrigatoriedade e o trabalho de engajamento e capacitação dos colaboradores é visto como fundamental para o sucesso das iniciativas de inovação. 

Na John Deere, Kuribayashi conta que também há um casamento profundo entre o olhar para a tecnologia e as pessoas, sendo o foco na geração de valor para o produtor. “Aprendemos a compreender as tendências do nosso setor de atuação pensando em como aplicar tecnologias e gerar valor para o cliente”, conta, destacando o aspecto humano da transformação tecnológica e digital. 

Curador de informação

Diante de tantos estímulos de dentro e fora das empresas, cabe ao profissional da inovação ser ainda um curador de informação. “Muito rapidamente, desenvolvemos a habilidade de selecionar os canais que atendem nossas necessidades e fazer uma curadoria de conteúdo, para não perder o foco”, afirma Fernanda.

A literatura sobre inovação está sendo construída enquanto você lê este artigo e, para se manter informado, vale recorrer a livros, vídeos, cursos, podcasts e notícias. Mas, antes de mais nada, se manter conectado com o que acontece todos os dias. 

No AgTech Garage, a atualização dos profissionais da comunidade se dá de forma natural, mediante as interações entre os diferentes agentes do ecossistema de inovação e a participação nas iniciativas do hub, que incluem eventos, pitches de startups e encontros da Jornada de Aprendizagem da área de Learning Experience, a escola do futuro agora

“A área de inovação é, sim, muito atraente, mas também muito desafiadora”, diz Fernanda. Para ser bem-sucedido, na visão dela, o profissional deve estar antenado às tendências de mercado, frequentar eventos para interação com a comunidade e criar hábitos para se manter aprendendo. 

Kuribayashi acredita que a chave é ter em mente a necessidade de resolver não só os problemas do presente, mas os do futuro. “É ver a agricultura 4.0 de olho na agricultura 5.0”, diz. 

Enquanto Souza acredita na permanente troca de experiências como um item indispensável, razão que o leva a estar semana sim, semana também no AgTech Garage. “Tomar um café na copa pode gerar uma aproximação que não estava programada e render bons frutos”, afirma. Para descrever esse tipo de conexão existe até um termo que vale outro artigo: “serendipidade”, que é quando o acaso produz ótimas descobertas. Continue acompanhando nossos conteúdos e não deixe de ler mais.

*Com edição de Marina Salles

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Maurício Moraes

Maurício Moraes

Sócio e líder do setor de Agronegócio, PwC Brasil

Dirceu Ferreira Junior

Dirceu Ferreira Junior

COO do PwC Agtech Innovation e sócio, PwC Brasil

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