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Por Fernanda Cavalcante
“Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia”. A suposta máxima atribuída ao estatístico americano William Deming em 1950, ressalta a importância de mensurar resultados para gerenciar o avanço das empresas, o que se aplica desde a revolução industrial.
No passado, as métricas eram insumo para aprimorar as linhas de produção, reduzindo tempos e aumentando a produtividade e os lucros. Hoje, na inovação, além de guiar esforços em prol de resultados, as métricas contribuem para a garantia da perenidade dos negócios alinhados a objetivos estratégicos num mundo em constante transformação.
Para empresas que estão no início da jornada de inovação, o desafio é aplicar essa filosofia a um contexto tido como “intangível” ou “abstrato”. Métricas personalizadas para cada realidade podem ser úteis nesse processo, assim como separar os indicadores de inovação entre métricas de entrada e métricas de saída. Especialistas do PwC Agtech Innovation e da Bunge – líder mundial no processamento de sementes oleaginosas e na produção e fornecimento de óleos e gorduras vegetais especiais – discutem, no podcast que inspirou este artigo, sobre essa abordagem. Ao final da leitura, ouça também o episódio.
Independente das métricas escolhidas pelas empresas para acompanhar sua jornada de inovação, é importante se certificar de que elas sejam: claras, mensuráveis e permitam gerar tomadas de decisão embasadas.
1. Métricas de entrada: mais comuns de serem adotadas por empresas que estão iniciando a jornada de inovação aberta (inovação em rede e colaborativa com outros stakeholders do ecossistema, como as startups, Academia, produtores rurais, investidores, instituições de pesquisa), esse pilar traz indicadores de topo de funil ou começo da esteira de desenvolvimento.
Isto é, se sua empresa tem um programa de ideias, no topo do funil são contabilizadas todas as ideias que entram no sistema – independentemente do seu potencial de seguir adiante para o meio ou fundo do funil.
As métricas de entrada são aquelas que dão um panorama dos pontos de contato com o ecossistema de inovação, medindo o número de ações/ esforços em curso. Algumas métricas que podem ser utilizadas incluem:
2. Métricas de saída: associadas às empresas mais avançadas na jornada de inovação aberta e que já colhem frutos de iniciativas e relacionamentos, esse pilar fornece um retrato sobre do fundo do funil ou final da esteira de inovação aberta. Algumas métricas incluem:
Número de patentes produzidas;
Número de produtos ou serviços inovadores lançados no mercado;
Taxa de adoção desses lançamentos;
Market share em novos mercados e novas geografias;
Retorno sobre o investimento (ROI)
Índice de satisfação do cliente atrelado às inovações.
Ainda que tenham dividido as métricas em dois grupos, os especialistas ressaltam que as empresas inovadoras devem buscar o equilíbrio entre essas duas dimensões. Afinal, o resultado fluido ao longo do funil de inovação depende dos processos e investimentos do início ao fim da esteira.
Portanto, para impulsionar a inovação aumentando o número de patentes ou subindo o retorno sobre o investimento, a empresa deve continuar alimentando seu funil com novos desafios para startups, com parcerias estratégicas e envolvimento das diversas áreas de técnicas e de negócios com a prática da inovação aberta.
Ao manter esse equilíbrio e focar em nutrir constantemente o pipeline de inovação, a empresa constrói uma cultura sustentável, maximizando seu potencial de crescimento no mercado em evolução.
Fazendo um paralelo com a frase inicial de Deming, “não se define o que não se entende”, vale ressaltar que o primeiro passo é a empresa entender onde quer chegar com a inovação aberta. A recomendação dos especialistas é avaliar quais dos objetivos abaixo a empresa busca atingir investindo na inovação aberta:
Vantagem competitiva, para se destacar perante a concorrência
Satisfação do cliente, para atender suas necessidades
Eficiência operacional, visando reduzir custos e otimizar processos
Acesso a novos mercados, seja pensando em novos segmentos ou geografias
Necessidade de adaptação à mudança, mirando a perenidade dos negócios
Antecipação de tendências, posicionando a empresa de forma pró-ativa
Desenvolvimento de novos produtos e serviços, para manter o portfólio atualizado
Disrupção, para orquestrar um novo mercado que pode romper com o seu próprio
Sustentabilidade, em busca de ganhos ambientais, sociais e econômicos
Compliance regulatório, para antecipar requisitos regulatórios e garantir a conformidade legal
Diferenciação de marca, para ganhar visibilidade no mercado e reputação positiva associada à inovação
Fomento a uma cultura inovadora, que atraia e retenha talentos
Resolução de problemas complexos, que demandem colaboração com o ecossistema
Posicionamento como parceiro de escolha, contribuindo ativamente com o ecossistema
Definir os objetivos da empresa e a estratégia para alcançá-los, é, sem dúvida, o primeiro passo antes de pensar em qualquer métrica de inovação. O PwC Agtech Innovation conta com um serviço que apoia as empresas nesse processo. Para saber mais sobre a Assessoria Habilitar, clique aqui.
Lembrando sempre que as métricas funcionam como um “GPS” para as empresas, sendo um guia na jornada de inovação de quem já tem um norte pré-definido. Ao monitorar de perto essas métricas, a companhia tem a possibilidade de ajustar sua trajetória conforme necessário e garantir que esteja alinhada aos objetivos e estratégia de inovação do negócio.