5 insights para manter a inovação viva em tempos turbulentos

Especialistas compartilham como estratégia, cultura e ciência sustentam a inovação em tempos desafiadores

Agosto 12, 2025

Por Barbara Lemes

Em tempos de incerteza, como os que vivemos hoje no agronegócio, os desafios parecem vir de todos os lados. Questões econômicas, tensões geopolíticas e os impactos cada vez mais evidentes das mudanças climáticas pressionam o setor, exigindo decisões rápidas e estratégicas. Com margens apertadas e queda nos preços das commodities, o momento é de ajuste de contas e, inevitavelmente, os orçamentos ficam mais enxutos.

É justamente nessas horas que a inovação corre o risco de ser deixada de lado. Afinal, quando a verba aperta, o pé costuma ser cortado onde o retorno parece menos imediato. Mas é aí que mora o perigo: abrir mão da inovação pode significar perder o timing da transformação.

O agro é um setor marcado pela sazonalidade — vive ciclos de vacas gordas e magras. E quem consegue se adaptar durante as fases mais difíceis sai na frente quando o mercado se recupera. Essa capacidade de adaptação é o que pode colocar algumas empresas um passo à frente no futuro.

Foi com esse pano de fundo que o episódio “Inovação a longo prazo: resiliência em um cenário desafiador para o agro” abriu a terceira temporada do podcast Jornada de Inovação. O bate-papo reuniu especialistas da Ourofino Agrociência, OCP Brasil e PwC Agtech Innovation, para discutir como manter a inovação ativa mesmo diante das incertezas.

Este artigo, inspirado no episódio, traz os principais aprendizados da conversa — práticas, visões e estratégias que mostram como a inovação aberta pode ser uma aliada poderosa para atravessar períodos turbulentos e construir vantagem competitiva de forma consistente.

1. Inovação como parte da estratégia

A inovação deixa de ser um projeto paralelo quando está conectada à estratégia da empresa. Em momentos de instabilidade, essa conexão é o que garante resiliência e consistência. Mais do que buscar soluções disruptivas, é preciso cultivar constância de propósito, assumir riscos com responsabilidade e manter uma visão de futuro clara.

Na OCP Brasil, essa abordagem é parte do DNA. Metodologias como design thinking, inovação aberta e foco no cliente, são usadas para gerar resultados tangíveis. “Inovação também é constância. É atuar com as pessoas e entender, dentro de uma perspectiva de governança, que a inovação é atual, acontece todos os dias”, pontua Franciele Trentini, Gerente de Inovação OCP.

Já a Ourofino Agrociência aposta em inovação incremental, adaptando produtos à realidade da empresa e explorando novos modelos de negócio. “Estamos olhando para servitização e diversas frentes com foco em produto e tecnologia. Quando existe pensamento de futuro, sem medo de arriscar, a inovação acontece”, destaca Leonardo Araújo, Diretor de P&D, PDI e Inovação na Ourofino Agrociência.

2. Cultura que sustenta a inovação

Uma estratégia bem definida só se concretiza quando existe uma cultura organizacional que apoia a inovação. Ambientes que incentivam a experimentação, o risco calculado e a autonomia criam espaço para que ideias se transformem em soluções reais. A inovação precisa ser parte do cotidiano, e não uma iniciativa isolada.

Na prática, tanto a OCP quanto a Ourofino estimulam seus colaboradores a propor soluções, testar ideias e aprender com os erros.

“É importante aculturar a empresa para que todos pensem no longo prazo e, principalmente, em inovação. Criar essa governança e conectá-la à estratégia da companhia é essencial”, reforça Araújo.

3. Foco e coragem para decidir 

Com estratégia e cultura bem estabelecidas, o desafio passa a ser escolher onde investir. Em tempos de restrição, a inovação precisa ser eficiente — com foco em projetos que gerem impacto direto no negócio. Isso exige coragem para assumir riscos operacionais e clareza para priorizar o que realmente importa.

“Quando olhamos para demandas específicas, ganhamos clareza e insights. Dentro desse balanço de sazonalidade, é preciso mitigar riscos e entender que há operações pequenas com riscos, mas o maior risco é não mantê-las”, compartilha Franciele. 

Araújo reforça que evitar riscos pode ser mais perigoso do que enfrentá-los. Para ele, a liderança precisa estar preparada para errar, aprender e seguir em frente. “A inovação tem risco, sim, mas se não inovarmos, corremos o risco maior — o de não sobreviver.”

4. Colaboração como aceleradora

A inovação ganha escala quando é feita em rede. Construir ecossistemas colaborativos permite que empresas deixem de atuar isoladamente e passem a integrar movimentos coletivos que impulsionam o setor como um todo. A troca de experiências, o acesso a novos conhecimentos e a conexão com parceiros estratégicos ampliam horizontes e aceleram resultados.

Na Ourofino Agrociência, o programa Habilitar, do PwC Agtech Innovation, foi um catalisador importante nesse processo. “O Habilitar nos trouxe a força que precisávamos para aculturar a empresa e fazer com que todos pensassem no longo prazo e em inovação. Criamos uma governança conectada à estratégia da companhia e ao que ela espera de nós”, afirma Araújo.

5. Compromisso com a ciência e desenvolvimento das operações

No agronegócio, a inovação precisa estar fundamentada em ciência e sustentada por excelência operacional. Manter um pipeline científico ativo, investir em pesquisa e desenvolvimento e garantir eficiência na execução são práticas que posicionam as empresas como líderes, mesmo em cenários desafiadores.

Na OCP Brasil, esse compromisso é evidente. A empresa valoriza a transferência de conhecimento para o capital humano e aposta na diversidade de ambientes e trocas como forma de acelerar o desenvolvimento de soluções.

“A inovação precisa estar pautada em ciência, e ela também tem seu tempo de resposta. Quando olhamos para nossa demanda específica, ganhamos profundidade estratégica para o desenvolvimento das soluções e insights que nos mantêm orientados ao futuro, mesmo diante do que ainda não conhecemos”, pontua Franciele.

Na Ourofino, a criação de um comitê de inovação tem gerado bons resultados, reunindo profissionais de diferentes áreas para discutir o futuro do setor. Araújo destaca que o investimento em P&D é o que oxigena os negócios no presente e garante competitividade no futuro.

“Ganho operacional e excelência são fundamentais no curto prazo, especialmente para enfrentar um ambiente competitivo, mas jamais podemos deixar de olhar para o futuro.”

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Dirceu Ferreira Junior

Dirceu Ferreira Junior

COO do PwC Agtech Innovation e sócio, PwC Brasil

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