É difícil exagerar a ampla popularidade dos fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês) no cenário de investimentos atual. Desde seu lançamento na década de 1990, os ETFs evoluíram de uma opção de investimento de nicho para se tornar uma das inovações de produto mais populares, disruptivas e amplamente discutidas no setor de gestão de ativos e patrimônio.
O mercado global de ETFs ganhou impulso fenomenal nos últimos cinco anos. A pandemia de covid-19 reforçou e destacou ainda mais a notável resiliência e o potencial de crescimento dos ETFs. Tendo passado pela incerteza e volatilidade do mercado de 2020 e 2021, os ETFs estão emergindo da crise mais fortes do que nunca – reforçados por um aumento nas entradas de fundos, novos participantes e inovação de produtos. Diante disso, talvez não surpreenda que os ativos globais sob gestão dos ETFs tenham quase triplicado de US$ 3,4 trilhões, em 2016, para mais de US$ 10 trilhões em novembro de 2021.1
Mas será que esse crescimento notável pode se manter nos próximos cinco anos? E que oportunidades e desafios uma expansão adicional criaria? Para traçar uma imagem precisa do futuro cenário de ETFs, realizamos uma pesquisa com 60 executivos globais – que juntos representam mais de 80% dos ativos globais de ETFs.
1 EPFR, Informa Financial Intelligence, 11 November 2021, (https://financialintelligence.informa.com/resources/product-content/press-release-epfr-data-reports-total-global-etf-assets-exceed-10-trillion)
Dada a velocidade e a escala com que os ETFs proliferaram nos últimos anos, não surpreende que os participantes do mercado prevejam uma continuação dessa tendência. Mais da metade dos entrevistados da nossa pesquisa acredita que os ativos globais de ETF sob gestão (AuM, na sigla em inglês) atingirão pelo menos US$ 18 trilhões até 2026 –um CAGR de 14,6% entre junho de 2021 e junho de 2026.
No entanto, dado o crescimento global de 22% do AuM dos ETFs nos últimos cinco anos encerrados em dezembro de 2020, combinado com entradas recordes, novos participantes, produtos inovadores e oportunidades de distribuição, acreditamos que uma projeção de mais de US$ 20 trilhões de AuM global de ETFs até 2026 seja possível, representando um CAGR de 17% nos próximos cinco anos.
Quando as pessoas pensam em ETFs, elas tendem a ver um modelo de investimento passivo vinculado a índices de mercado. No entanto, isso já não reflete plenamente um mercado cada vez mais ativo, diversificado e inovador. Na verdade, embora os produtos de renda variável e renda fixa continuem sendo os maiores segmentos do mercado de ETFs, a inovação acelerada está abrindo várias oportunidades de investimento e opções de clientes no mercado de ETFs. ETFs temáticos, ETFs ativos e ETFs criptográficos, em especial, destacam-se como potenciais fontes de demanda e oportunidades inexploradas – com muitos de nossos entrevistados esperando ver uma demanda maior por essas estratégias nos próximos dois a três anos.
As dificuldades de se reunir com assessores de forma presencial durante a pandemia incentivaram mais investidores a migrar para assessoria de robôs e plataformas on-line. A crescente digitalização da distribuição de ETFs pode reduzir custos, melhorar a acessibilidade e atrair novos investidores, inclusive aqueles nos mercados menos desenvolvidos da Ásia-Pacífico e da América Latina.
Quando pedimos aos participantes da pesquisa que avaliassem a demanda de diferentes segmentos de mercado e pontos de acesso nos próximos 2-3 anos, destacaram-se as plataformas on-line, os assessores financeiros e os investidores de varejo.
A expansão para novos mercados é outra oportunidade importante para aumentar a escala e o alcance do mercado. Os participantes da pesquisa relataram planos para explorar os mercados da Ásia-Pacífico e da América Latina. Os gestores que planejam entrar nessas regiões geralmente adotam uma ou mais das seguintes estratégias:
Criação de ETFs domiciliados localmente
Uso de seu passaporte europeu UCITS para distribuir em mercados locais
Uso de sua faixa de ETF dos EUA para distribuir em mercados locais
Parceria com um gestor local para lançar ETFs locais
Se a chegada dos ETFs representou o maior avanço individual na gestão de recursos nos últimos 30 anos, o ESG deve ser o próximo – com uma proporção cada vez maior de investidores, reguladores e stakeholders da sociedade exigindo que as questões de sustentabilidade sejam incorporadas ao cenário financeiro global.
Esse foco maior em ESG abre um leque de oportunidades de inovação em produtos antes inexploradas no ecossistema de ETFs – com vários provedores de ETF criando índices personalizados concentrados em metas ambientais em resposta ao forte apetite dos investidores. Os participantes de nossa pesquisa estão bem cientes dessas oportunidades, reformulando suas operações e catálogos de produtos – 45% dos entrevistados esperam que mais de metade de seus lançamentos de produtos no próximo ano sejam focados em ESG.
Diante das tendências e projeções destacadas em nossa pesquisa, identificamos quatro ações principais que os gestores devem avaliar para aproveitar todo o potencial do ETF.
O desenvolvimento e a adoção de produtos diversificados e estratégias de investimento, como ETFs ativos, ETFs criptográficos e ETFs temáticos, estão avançando em velocidades diferentes. Mas o salto pode acontecer rapidamente. Portanto, é importante planejar como estar à frente da curva ou pelo menos manter o ritmo. Se você não fizer isso, seus concorrentes farão.
Novos entrantes estão chegando ao mercado. Diante do aumento da concorrência, é importante encontrar formas de diferenciar seu negócio por meio de produtos, distribuição e educação do investidor.
Se sua empresa quer acompanhar o ritmo e aproveitar as oportunidades, é importante incorporar o ESG à estratégia, às operações e à governança em toda a organização. Já vimos como o ESG está impulsionando o desenvolvimento de índices personalizados. Pensando em termos futuros, as demandas ESG também podem estimular o desenvolvimento de ETFs ativos e temáticos, que não estão vinculados a índices ponderados de capitalização de mercado tradicionais.
Um escrutínio regulatório maior é a consequência inevitável de maior complexidade, mercado crescente, mais clientes de varejo e mais negócios realizados com robôs assessores e plataformas on-line, aumento do uso de índices personalizados e crescente importância do ESG para investidores de varejo.